Fujimori vai à audiência de processo por desvio de verba pública 

O ex-presidente peruano Alberto Fujimori compareceu nesta segunda-feira (28) à audiência do processo que enfrenta pela acusação de desvio de fundos públicos para comprar uma linha editorial de jornais sensacionalistas, na qual foi convocado para depor o seu ex-assessor, Vladimiro Montesinos.

Fujimori vai à audiência de processo por desvio de verba pública - EFE

Durante a segunda audiência do processo, o tribunal aceitou o pedido da procuradoria para que Montesinos testemunhasse. A justiça peruana já condenou, em 2005, 29 pessoas por este caso – entre eles, Montesinos, que pegou oito anos de prisão -, além dos ex-generais Elesván Bello e José Villanueva, pelos delitos de peculato e formação de quadrilha.

A procuradoria pediu oito anos de prisão e o pagamento de US$ 1 milhão por reparação civil para Fujimori pelo desvio de 122 milhões de soles (cerca de R$ 94 milhões) do orçamento das Forças Armadas para o Serviço de Inteligência Nacional (SIN), chefiado então por Montesinos.
Com esse dinheiro, o então assessor teria pagado milhares de dólares aos donos de vários jornais sensacionalistas para atacar os rivais políticos de Fujimori durante a campanha eleitoral de 2000.

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Fujimori, de 75 anos, estava hoje com o andar lento, embora com um aspecto melhor do que na primeira audiência. Na ocasião, ele teve um pico de hipertensão que provocou a suspensão da audiência.

Por esse motivo, a audiência de hoje foi realizada em meio à expectativa e controvérsia gerada por seu estado de saúde. Seus seguidores afirmam que é visível o mal estado em que se encontra, enquanto seus opositores asseguram que se trata de um show midiático.
O ex-governante escutou com aparente tranquilidade as falas de seu advogado, do promotor e do procurador, enquanto anotava em um bloquinho e empunhava um exemplar da Constituição peruana. Em um momento da audiência, que durou uma hora, os membros do tribunal ordenaram recesso de 15 minutos para controlar o estado de saúde do processado.

Antes de terminar a audiência pública, as juízas convocaram para depor, entre outros, Montesinos, o ex-funcionário do Serviço de Inteligência Rafael Merino Bartet e o jornalista Ángel Paez. Em seguida, a Justiça decidiu acatar as recomendações médicas que afirmam que Fujimori não deve permanecer mais de duas horas consecutivas em um tribunal. Uma nova audiência foi convocada para 7 de novembro.

O procurador Julio Arbizu declarou aos jornalistas que duvida que Montesinos vá mudar sua primeira declaração neste processo, quando negou as acusações, mas enfatizou que existem uma "série de declarações concorrentes que dão conta que Fujimori não só conhecia o desvio deste fundo, como ele que o ordenou".

Fujimori é processado na sala de audiências do quartel policial ao leste de Lima no qual cumpre uma sentença de 25 anos de prisão pelos delitos de homicídio qualificado, lesões graves e sequestros. Em entrevista respondida por escrito e publicada hoje no jornal "Correo", Fujimori admitiu que "é possível" que nunca saia com vida de prisão.

Nas respostas, o ex-governante considerou que sua permanência na prisão perpétua "é uma possibilidade". Após criticar várias ações do atual governo, Fujimori disse que "não esperava" ser condenado, em 2009, a 25 anos de prisão pelos massacres do grupo militar 'Colina'.
O ex-presidente acrescentou que "hoje, mais que nunca" acredita que é "um preso político e um refém da classe política tradicional", acusação que foi rejeitada pelo procurador Arbizu, que declarou que no Peru "não há presos políticos".

Fonte: Opera Mundi