BA: Três índios foram mortos em área de conflito de terras no Sul

Em nota, o Cimi afirmou que Aurino Santos Calazans (28 anos), Agenor de Souza Júnior (28) e Ademilson Vieira dos Santos (36) foram vítimas de uma emboscada, feita por quatro homens que estavam em duas motos. Além de atirarem contra os indígenas, os assassinos ainda teriam “praticado violências contra os corpos”.

Para a ONG, o caso contradiz o efeito da “mesa de diálogo”, proposta pelo Ministério da Justiça, na tentativa de apaziguar o clima de tensão no local. No último dia 25, o ministro José Eduardo Cardozo intermediou uma reunião entre os índios e os fazendeiros, se comprometendo a elaborar um plano de segurança para a região.

Em setembro, a Força de Segurança Nacional chegou a ser enviada para intervir nos conflitos. Segundo a Cimi, as intervenções não deram conta de evitar as mortes de cinco tupinambás e um pataxó, nos últimos meses, na luta “pela terra tradicional no extremo sul baiano”.

“A região é historicamente dominada pela elite local ainda atrelada às práticas coronelistas. Existe muito racismo e preconceito. Esperamos providências do governo federal para a regularização imediata destas terras indígenas para que mais indígenas não sofram com tais violências. Exigimos também a apuração destes crimes”, afirmou o coordenador do Conselho (Regional Leste), Antonio Eduardo Cerqueira de Oliveira.

A área em disputa é de 47 mil hectares e, além de Ilhéus, abrange também os municípios de Una e Buerarema. Um estudo feito pela Funai (Fundação Nacional do índio), há 18 anos, apontou que o local é originalmente ocupado por famílias indígenas, no entanto, existem pelo menos 600 propriedades rurais na área, hoje.

De Salvador,
Erikson Walla