Bolsonaro “manobra” e adia votação sobre deposição de Jango 

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) cobrou a votação nominal da urgência da anulação da sessão que retirou João Goulart da Presidência da República, em 1964. O pedido de votação nominal provocou o adiamento da matéria para esta quarta-feira (20), em sessão do Congresso Nacional. 

O projeto de resolução anula a sessão do Congresso que declarou vaga a Presidência da República, no mandato de João Goulart, e permitiu o estabelecimento da ditadura militar.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tentou chegar a um acordo de procedimentos para dar a palavra a Bolsonaro em troca da votação da matéria, mas Bolsonaro não cedeu. Assim, a proposta ficou para esta quarta-feira, quando deverá ser votada nominalmente.

Segundo o projeto, de autoria do senador Pedro Simon (PMDB-RS), o Congresso Nacional não poderia, na madrugada de 1º para 2 de abril de 1964, ter declarado vaga a Presidência da República quando o presidente João Goulart estava em território nacional e em local conhecido.

Um dos signatários do projeto, senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), definiu aquela sessão do Congresso como "antirregimental, anticonstitucional e ilegal". O senador ressaltou que o ato “foi uma violência contra o povo brasileiro e o Brasil. O que pretendemos é resgatar a história e a memória nacional, e resgatar os valores da democracia”, disse.

Para Randolfe, a aprovação da proposta retirará o "ar de legalidade" do golpe de 1964. Ele afirmou que o movimento militar que tirou Goulart do poder só foi reconhecido após a declaração de vacância da Presidência por parte do Congresso.

Bolsonaro diz que a proposta precisa ser melhor discutida acusando os senadores de estarem contando uma “mentira”. “Essa unanimidade (sobre a anulação da sessão) não é verdade. Tenho manchetes de jornais que mostram que Goulart estava se entregando nos braços de (Nikita) Kruschev (dirigente da ex-União Soviética)”, declarou.

Da Redação em Brasília
Com Agência Câmara