EUA e Israel devem discutir tensões sobre Irã e negociações
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman tem uma reunião agendada para domingo (8) com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry. Segundo o jornal israelense Ha’aretz, será a primeira desde que Lieberman voltou ao poder, há algumas semanas, após ser liberado de acusações de corrupção. Já o secretário de Estado norte-americano John Kerry deve chegar para uma vista a Israel e à Palestina nesta quarta-feira (4), para tentar reavivar as negociações diplomáticas estagnadas.
Publicado 03/12/2013 15:29
Lieberman viajará para os Estados Unidos na quinta-feira (5) para encontrar-se com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em Nova York, e com a embaixadora estadunidense para a instituição, Samantha Power.
No escaldo das críticas contra o lobby judeu nos Estados Unidos, que define uma política de manutenção perpétua da ocupação israelense sobre os territórios palestinos, Lieberman participará de uma reunião no fórum do Centro Saban para Políticas sobre o Oriente Médio.
Trata-se de um ramo da Instituição Brookings, que está entre os centros acadêmicos que formulam sugestões de políticas para o governo dos EUA. O Centro Saban foi impulsionado financeira e ideologicamente por Haim Saban, um israelense e norte-americano proprietário de uma grande companhia midiática, a Saban Entertainment. Além disso, ele também financiou campanhas tanto do Partido Democrata quanto do Republicano, inclusive para a reeleição de George W. Bush, em 2004.
Lieberman é um líder da extrema-direita israelense e autor de diversas declarações racistas e agressivas contra os palestinos. Foi acusado de corrupção durante grande parte da sua carreira política, principalmente desde 1999. Enquanto afastado do cargo, o papel de chanceler era cumprido pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Negociações estagnadas e questão iraniana
A visita de Kerry a Israel e à Palestina deve tratar da retomada das negociações diplomáticas e da questão iraniana, mas durará apenas dois dias.
A estagnação das conversações entre Israel e a Autoridade Palestina deve-se principalmente à demonstração reiterada do governo israelense com o “processo de paz”, termo usado pelo Ocidente para classificar uma negociação infinita que ainda não resultou em qualquer conquista para os palestinos, mas sim na perpetuação da ocupação israelense.
O recente pedido de demissão da equipe palestina nas negociações definiu uma situação de impasse prolongada, uma vez que a contínua construção e expansão de colônias israelenses em territórios palestinos segue impune e sem medidas práticas de resposta por parte dos EUA, que se afirmam como mediadores das negociações, quando são, de fato, parte do conflito.
Alguns dias após a retomada do cargo de chanceler por Lieberman, Kerry telefonou-lhe para congratula-lo e convidá-lo para uma reunião de Washington, de acordo com o Ha’aretz.
Segundo uma autoridade estadunidense que trabalha com Kerry, o secretário de Estado “planeja trabalhar de perto com Lieberman, enquanto mantém a comunicação direta com o primeiro-ministro Netanyahu”. Ambos são opositores políticos e Lieberman chega a ser considerado o próximo candidato ao cargo de Netanyahu.
No dia da sua posse como chanceler, Lieberman encontrou-se com o embaixador estadunidense para Israel, Dan Shapiro, e fez um discurso que continha uma pitada de crítica contra Netanyahu: “É importante pedir a calma nas nossas relações com os EUA,” disse. “Nossa relação com os Estados Unidos é a pedra angular [da política externa israelense]. Sem isso, é impossível manobrar no mundo.”
Lieberman referia-se às tensões entre o governo israelense e o estadunidense no contexto das negociações diplomáticas em que os EUA estão envolvidos sobre o programa nuclear iraniano, veementemente rechaçadas por Israel.
O país alega ser vítima de um suposto ataque nuclear futuro do Irã, embora o governo persa reitere repetidamente e busque demonstrar, com medidas diplomáticas, que não tem e nem busca produzir armas nucleares, ao contrário do israelense.
Com informações do Ha'aretz,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho