Casa Branca adverte Congresso dos EUA contra sanções ao Irã

A Casa Branca anunciou, nesta terça-feira (3), que o acordo final sobre o programa nuclear do Irã pode incluir a capacidade de enriquecimento de urânio, no quadro dos direitos persas como membro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). Enquanto isso, membros do governo discutem a imposições de novas sanções ao Irã, ao contrário das intenções da presidência e de grande parte dos estadunidenses.

Negociações nucleares - HispanTV

A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Bernadette Meehan afirmou que o governo está “disposto a negociar um programa de enriquecimento estritamente limitado”, pelo qual o Irã já se comprometeu a reduzir o processo de enriquecimento de 20% a 5%, o limite que não permite mais o desenvolvimento de armas nucleares, de acordo com especialistas.

O governo persa, no contexto das suas negociações com o Grupo 5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China, membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e a Alemanha), havia assinalado que o seu direito a um programa nuclear pacífico e de fins energéticos e para a medicina deve ser garantido e respeitado.

As declarações dos Estados Unidos, pela primeira vez, confirmam esse direito, apesar da dura oposição do regime israelense contra o processo diplomático. A divergência entre a estratégia estadunidense e a de Israel sobre a questão persa tem causado especulações sobre uma tensão entre os dois países, e o governo israelense insiste na imposição de mais sanções ou, até mesmo, num ataque contra as instalações nucleares persas.

Contra novas sanções

Enquanto isso, uma nova pesquisa de opinião feita nos EUA revelou que 68% dos entrevistados acredita que o Congresso estadunidense deve supervisionar de perto a execução do acordo nuclear, mas não deve tomar qualquer ação que possa bloquear o processo diplomático e colocar em perigo as negociações para um acordo permanente.

Além disso, 64% respondeu que não tem boa opinião sobre os congressistas que tentam impor novas sanções contra o Irã.

Neste sentido, também, a Casa Branca fez uma advertência “séria” ao Congresso sobre este debate, já que um novo pacote de medidas de coerção deste tipo sinalizaria a “má fé” dos EUA nos diálogos sobre o programa nuclear persa.

“Se aplicarmos sanções agora, inclusive com um desencadeamento diferente, que foi discutido, os iranianos e, provavelmente, nossos parceiros internacionais imaginarão que negociamos de má fé”, declarou o porta-voz presidencial, Jay Carney.

Para Carney, que deu declarações durante uma coletiva de imprensa, a medida minaria todos os esforços para lograr uma solução pacífica para a questão.

“Além disso, as novas sanções são desnecessárias neste momento, porque o núcleo da nossa arquitetura de sanções permanece em seu lugar, e os iranianos seguem sob um a pressão extraordinária.”

Na última rodada de diálogos entre o Irã e o G5+1, em 24 de novembro, as partes concordaram em estabelecer um acordo interino que durará seis meses e prevê, do lado persa, a redução do enriquecimento de urânio e a permissão para maior acesso internacional às instalações nucleares, e do lado do grupo, o alívio das sanções contra o Irã, com o descongelamento inicial de sete milhões de dólares dos recursos iranianos detidos no exterior.

O Irã sofre sérias sanções internacionais desde 1979, primeiro por parte dos Estados Unidos, movidos por objetivos políticos, em reação à Revolução Islâmica daquele ano, que derrubou um regime autocrático do xá Mohammed Reza Pahlavi, apoiado pelos estadunidenses. Em 2006 e 2010, a Organização das Nações Unidas e a União Europeia, respectivamente, passaram a aplicar as suas próprias sanções.

As medidas visam especialmente o setor bancário e financeiro, a comercialização de petróleo e armamentos, a indústria automobilística e as viagens internacionais de determinados indivíduos, entre outros aspectos, com a justificativa de punir o regime persa pela suspeita não comprovada de desenvolvimento de um programa nuclear bélico, que o governo iraniano nega.

Da redação do Vermelho
Com informações da HispanTV