Retrospectiva: Luta contra o racismo continuará firme em 2014

O racismo é um dos grandes desafios que precisa ser superado pelos brasileiros. A promoção e o fortalecimento das políticas de combate ao racismo e ao preconceito se apresentam como elementos estratégicos na constituição de um Projeto Nacional de Desenvolvimento. Desde 2003, muita coisa foi feita, mas é preciso mais. Quem debate a questão e faz balanço dessa luta em 2013 é Edson França, presidente da Unegro e membro do Comitê Central do PCdoB.

Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo

Durante a entrevista, Edson França afirmou que "o ano de 2013 foi marcado por muitos debates e conquistas", com destaque para a legalidade e legitimidade das ações afirmativas, especialmente a política de cotas, que alcançou vitórias significativas frente a onda oposicionista empreendida pelos setores conservadores na sociedade brasileira.

"Ao longo de sua trajetória de luta, o movimento negro considerou a educação uma prioridade. Ao ampliarmos o acesso de negros e pobres nas universidades, estimulamos um movimento inédito na composição social do país", acentua a liderança.

Ele lembra que as cotas em universidades é uma luta em curso. “Mesmo observando a existência de uma Lei Federal, que regulamenta a questão das cotas, há ainda uma luta renhida para fazer valer, efetivamente, nas instituições de ensino esse marco", ressaltou. Ele ainda destacou que as cotas são apenas o começo. "Outra frente de luta é garantir que esses estudantes tenham condições de se manter nas universidades", alertou.
 

Orlando Silva na Marcha da Consciência Negra em São Paulo.
Violência

A violência contra a juventude negra também foi um dos assuntos ponderados pelo presidente da Unegro. "Estamos diante de um problema muito grave, do qual seremos cobrados no futuro, a juventude negra e pobre sofre hoje um verdadeiro extermínio", declarou Edson, ao lembrar do Mapa da Violência publicado em 2013, no qual os negras e negras são os maiores afetados.

E acrescentou: "A juventude negra tem sido vítima de uma onda de violência, de um verdadeiro genocídio. E mais, entendemos que não há como reivindicar qualquer política se não conseguirmos garantir o nosso direito à vida", reforçou o líder social.
 

Unegro durante a Marcha de Abertura do Fórum Social Mundial da Tunísia, 2013.
Foto: Deborah Moreira.
10 anos de governos populares e progressistas

Outro assunto comentado por Edson França foram os avanços alcançados na chamada década inclusiva. Ele acentua que apesar dos 10 anos de avanços, com destaque para a criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir), há ainda um longo caminho com diversas batalhas. As quais tem como objetivo combater mais de 500 anos de opressão, preconceito e racismo.

Edson França finalizou seu balanço afirmando que "o Brasil é maior e mais forte que o racismo. E com luta e organização, avançaremos cada vez mais nesse combate". Ele reafirmou ainda que é preciso ficar claro que toda essa luta passa pela luta de classe. "A luta contra o racismo e preconceito é luta de classe", conclui a liderança.

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Ouça na Rádio Vermelho a íntegra da entrevista: