Inundações agravam situação humanitária precária na Faixa de Gaza

Subiu para 40 mil o número de refugiados desalojados na Faixa de Gaza por causa das enchentes, alertou nesta segunda-feira (16) a Agência das Nações Unidas de Assistência e Trabalhos para os Refugiados da Palestina (UNRWA), que atua no território. No fim de semana, milhares de residentes foram evacuados das suas casas, e a região também está coberta de neve.

Faixa de Gaza - Associated Press

A tempestade de inverno Alexa, a mais forte tormenta a atingir Gaza e a Cisjordânia nos últimos 100 anos, transbordou os esgotos e teve seu efeito agravado pela crise de falta de combustível, que deixa a região sem eletricidade por até 21 horas por dia. O recurso é escasso no território principalmente devido ao bloqueio israelense, que limita a importação.

Na Cisjordânia, os refugiados enfrentam frio congelante. Para as comunidades beduínas, que já haviam tido suas casas demolidas pelas forças israelenses um dia antes da tempestade, a morte é iminente, relata a UNRWA.

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A agência apela mais uma vez pelo fim do bloqueio militar imposto por Israel à Faixa de Gaza. “Qualquer comunidade lutaria para se recuperar de um desastre como este, mas para uma comunidade que tem sido submetida à punição coletiva da restrição de movimento de pessoas e mercadorias, as perspectivas de recuperação são mínimas”, avalia a agência.

Além disso, autoridades locais também denunciaram a abertura de comportas israelenses que acabaram por agravar a inundação em Gaza. Segundo o jornal israelense Ha'aretz, Nehemia Shahaf, a autoridade municipal de Israel responsável pelo sistema de drenagem no norte do deserto de Negev (sul do país), disse que um canal da região não podia ser aberto ou fechado, e que o nível da água estava tão alto que a estrutura não aguentou.

Apesar dessa situação perigosa, milhares de funcionários da UNRWA em Gaza estão trabalhando dia e noite, levando as famílias para um abrigo seguro nos prédios da agência.

Estão sendo distribuídos milhares de cobertores, botijões de gás, colchões, kits de higiene e de limpeza, além de alimentos para os refugiados mais vulneráveis na Cisjordânia e em Gaza.

Além disso, a condução das negociações entre o partido islâmico Hamas, no governo de Gaza, e o Fatah, à frente da Autoridade Palestina, levaram o Catar a anunciar um pacote de 10 milhões de dólares para os geradores de energia. Ainda assim, a situação é alarmante.

Grande parte do combustível em Gaza vem do contrabando subterrâneo desde o Egito, onde é possível comprá-lo a menor custo (nos meios oficiais, o combustível seria importado da Faixa de Gaza, que compra o recurso de Israel), assim como os materiais de construção e alguns bens básicos de consumo.

Entretanto, o país vizinho recentemente aumentou as operações de destruição dos túneis construídos pelos palestinos, alegando a luta contra o terrorismo, já que alguns militantes islamistas estariam contrabandeando armas e adentrando território egípcio.

Da redação do Vermelho,
Com informações da ONU e do Ha'aretz