Braz Albertini: O peso da agricultura na economia nacional

O PIB (Produto Interno Bruto) é o indicador mais utilizado para medir o tamanho da economia do país. No Brasil seu cálculo está baseado em bens e serviços produzidos no agronegócio, na indústria e no setor de serviços. O fato de a atividade agrícola contribuir para mensurar o quanto de riqueza o país produz, já denota sua importância.

Por Braz Albertini, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp)*

O agronegócio será responsável por 50% do crescimento do PIB em 2013. No entanto, não há o reconhecimento devido. Os portos continuam ineficientes, muitas estradas esburacadas, a malha ferroviária estagnada, o preço dos insumos altos, e o valor dos produtos baixos. Sem falar nos inúmeros trabalhadores rurais sendo dispensados e pequenos agricultores não conseguindo manter sua atividade.

Há um desperdício muito grande para fazer o trâmite da produção até a comercialização. O custo de transporte aqui é quatro vezes maior do que em concorrentes como Estados Unidos e Argentina, pois temos excedente de gastos devido à precária infraestrutura de transporte e armazenagem. Se isso fosse revertido no bolso dos produtores brasileiros, haveria maior investimento na própria cadeia produtiva, contribuindo ainda mais para a economia.

A questão dos trabalhadores rurais assalariados e produtores de pequeno porte, que também ajudam a fazer do agronegócio um pilar da nossa economia, é um caso à parte. Os primeiros estão aumentando a fila do desemprego devido à mecanização, já que não há um acolhimento suficiente na ocupação de outras funções na atividade rural. Os agricultores familiares precisam de acompanhamento de um técnico para produzir mais e atender a demanda crescente, e com condições de lucrar para permanecerem atuantes. O Senado aprovou a criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater). Há anos que se fala da criação, tomara que não demore mais alguns para ser implementada no país.

O lucro da produção não acompanha os custos dos insumos, que não estão sob controle dos produtores, portanto, pagamos o que as empresas querem. Novas tecnologias devem ser aplicadas para obter maior produtividade e cobrir os custos de produção, mas isso acaba sendo dificultado pela ausência de extensão. Enquanto os políticos olharem somente o número de títulos de eleitores, quem produz os números do agronegócio brasileiro será sempre prejudicado, uma vez que somos minoria nas eleições. É mais conveniente proteger os consumidores, que são maioria.

Juntando esses fatores, temos como consequência um êxodo rural acentuado, se concentrando nas grandes cidades e contribuindo para o agravamento dos problemas sociais atuais.

* Publicado no Portal da CTB via Fetaesp