Walter Hupsel: Mídia mira Haddad, mas acerta na população

Ao contrário do que acreditam, começou o mais longo dos anos. O ano das eleições estaduais e federal, que na verdade já havia começado lá em 2013.

Por Walter Hupsel*

Não sei precisar uma data, um evento específico que tenha, tal como os fogos de artifício, anunciado 2014. Alguma explosão que prenunciasse o ano vindouro, em contagem regressiva. Mas foi por ali, em meados de 2013 que o ano passado foi abortado e irrompido pela campanha eleitoral de 2014.

Ano de eleição e de reeleição. Dilma concorre para reeleição, assim como o governador de São Paulo, Alckmin. Nas eleições passadas, em 2010, Dilma era um “poste” que tinha sua inércia em Lula, o então popular presidente.

Agora é diferente. É ela contra ela mesma, contra sua gestão. Mas é extremamente difícil, diz a experiência, derrotar um candidato à reeleição. Não impossível, mas extremamente difícil.

Neste cenário, duas ações se tornam táticas eleitorais: uma blitz contra o prefeito de São Paulo, que pode capitalizar votos importantes para o PT, tanto pro governo do estado quanto para a reeleição da presidenta, e o bombardeio dos comentaristas neo-neoconservadores, cada vez mais tomados por um ódio (in)explicável.

A reprodução de Gremlins dos comentaristas neocons é tema para uma próxima coluna. Por enquanto foco na enorme campanha de desinformação que vem sendo praticada contra a gestão Haddad.

Alvejar a maior prefeitura do PT e seu maior colégio eleitoral é tentar acertar Dilma e Padilha, tirando-lhes votos preciosos.

É isso que une as campanhas contra as faixas de ônibus e a revisão da planta genérica do IPTU, iniciadas em meados de 2013, quando começou 2014.

A despeito de ser uma real política pública que privilegia, vejam só que inusitado, o transporte público, uma boa parte dos meios de comunicação, pautados por outubro de 2014, fez uma verdadeira blitz contra as faixas. O prêmio de melhor capa sobre o assunto veio da finada Época SP, culpando o trânsito – este fenômeno novo – em São Paulo à gestão Haddad.

Sobre a cidade ter a menor malha metroviária das megalópoles, nenhuma palavra. A melhora no tempo de viagem para os ônibus também não mereceu destaque. Fica claro que não é a questão urbana, da apropriação da cidade, da circulação por ela que inquietou a Época e o Estadão.

E a raiva contra a revisão, prevista em lei, do valor da planta genérica do IPTU corrobora o acima dito. A resistência foi liderada, sobretudo, por Paulo Skaf, possível candidato ao governo de São Paulo. Jogando com números, e com o zap da “especulação imobiliária”, Skaf conseguiu pautar a mídia numa cruzada contra a revisão da planta genérica (atenção: Não há aumento de alíquota, apenas a reavaliação do valor dos imóveis) que nada tinha de republicano.

O IPTU é um imposto patrimonial: assim como o IPVA, vale mais, paga-se mais. Há quatro anos, o então prefeito Gilberto Kassab fez o mesmo, reviu os valores dos imóveis em alíquotas muito superiores à propostas pela atual gestão.

ACM neto também reviu a planta genérica em Salvador no ano passado, e o aumento foi mais que o dobro que o proposto por Haddad em São Paulo.

A revista Veja, um terreno fértil daqueles colunistas acima mencionados, quis imputar a revisão da planta a uma revanche do PT, uma vingança perpetrada nos bairros em que foi derrotado. É mesmo muita criatividade, ou maucaratismo, imaginar uma vendetta neste cenário político.

Com a não revisão dos valores dos imóveis, a prefeitura de São Paulo, em situação falimentar há tempos, teve que cortar importantes investimentos.

Miram Haddad. Acertam a cidade de São Paulo e seus munícipes na tentativa de abater Padilha e, principalmente, Dilma.

2014 começou há tempos, e vai durar até o fechamento das urnas do 2º turno. A toada da blitz midiática deve continuar e se radicalizar ainda mais. Teremos os 10 meses mais longos das últimas décadas.

*É blogueiro