SP: Sem ação "higienista", Haddad aplica política na Cracolândia

A ação da atual gestão da Prefeitura de São Paulo, que teve início nesta quarta-feira (15), para ajudar as pessoas em situação de rua e dependentes químicos, na região conhecida como Cracolândia, deu exemplo de atenção e respeito ao outro. Em declaração à imprensa, o prefeito Fernando Haddad afirmou que é preciso "aprender com o passado" e não adotar nenhuma ação "higienista".

Joanne Mota, do Vermelho em São Paulo

Basta lembrar que há exatos dois anos, em janeiro de 2012, o então Prefeito Kassab, com o apoio do governador Alckmin, pôs em prática a "Operação Sufoco", na região da Luz, que lavou das ruas os paulistanos socialmente excluídos e dependentes químicos. Ou seja, de olho nas eleições de 2012, o objetivo era demonstrar a capacidade que o governo possuia para colocar a casa em ordem e manter a cidade limpa, em uma verdadeira onda de higienização.

E mais, naquele período, havia ainda a chamada especulação imobiliária, amparada no projeto Nova Luz. Ou seja, a ação truculenta aplicada na região da Luz mataria dois coelhos com uma cajadada só.

É bom lembrar que o ano de 2012 foi um ano de temporadas de desocupações. Não devemos esquecer da operação na comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, a 100 quilômetros da capital paulista. Neste caso, a Polícia Militar de São Paulo, com o apoio do governador Geraldo Alckmin, a partir dos resultados das expulsões anteriores, autorizou a expulsão de seis mil pessoas que habitavam um terreno da massa falida de uma das empresas do empresário Naji Nahas no interior paulista. 

Um olhar sobre a cidade

Em direção oposta, a gestão Fernando Haddad impressionou quem assistiu ao noticiário nesta manhã de quarta-feira (15). Olhou para a questão e aplicou a receita que foi defendida pelos movimentos sociais, artistas e especialistas em 2012: políticas públicas.

Informações da Prefeitura de São Paulo indicam que já foram cadastradas 300 pessoas que estão indo morar em cinco hotéis reformados na região central de São Paulo. Além disso, essas pessoas terão a oportunidade de trabalhar, a Prefeitura ofertará vagas, com carga horária de 4 horas, como zelador de ruas e praças da região.

“Nós passamos seis meses estudando a situação. Eu fui pessoalmente várias vezes à região. Recebi no gabinete representantes daquela comunidade. Vamos aprender com o que aconteceu no passado e não repetir os mesmos erros. A violência ali só vai piorar a situação. Mais de 70% daquelas pessoas são egressas do sistema prisional. O que aquelas pessoas querem é uma oportunidade para saírem do vício e terem nova chance. Nós vamos oferecer essa oportunidade”, declarou o prefeito Fernando Haddad.

Nada de violência e nem internação compulsória, também. De acordo com a Prefeitura, as pessoas cadastradas é que decidirão se farão ou não o tratamento para abandonar o crack, para tanto está em curso uma operação firme dos agentes sociais da Prefeitura.

Em sua coluna diária e com a genialidade de sempre, o companheiro Renato Rovai deu seu tom e alertou: "Não estranhem se logo a oposição conservadora nomear a ação de Bolsa Crack. Política social para pobres é bolsa. Para ricos e desoneração fiscal. Ou apoio à produção".

No que se refere ao atendimento de saúde, o secretário de Saúde, José di Filippi Junior, declarou à imprensa que "os programas de tratamento, em parceria com o governo do estado, vão continuar. O que fizemos foi aumentar a quantidade de leitos de internação na nossa rede já existente, nos 18 hospitais da cidade".