Argentina diz que alta de dólar paralelo é fruto de especulação

A Casa Rosada atribuiu nesta segunda-feira (20) a “manobras especulativas” para pressionar o Executivo a alta do dólar paralelo, chamado na Argentina de “dólar blue”. O valor da divisa está em torno de 12 pesos para a venda, 75% mais caro que a cotação oficial, de 6,81 pesos.

Segundo o chefe de gabinete do governo Cristina Kirchner, Jorge Capitanich, "o popularmente chamado 'dólar blue' é um dólar ilegal" e a existência dele está relacionada com lavagem de dinheiro e narcotráfico.

“As pressões que existem sobre determinadas decisões políticas do governo não são neutras”, especificou Capitanich, que acrescentou que é preciso investigar quem está por trás destas manobras. “Talvez sejam aqueles que estabelecem estratégias de negociação para impor certas decisões ao governo”.

Capitanich também criticou a imprensa local "de cunho liberal" que utiliza o dólar paralelo como sinalizador dos problemas da economia argentina em matéria de política monetária.

Preço

No entanto, na rua, a opinião pública se mostra preocupada com a escalada do preço do dólar informal, já que asseguram que é impossível trocar moeda de outra forma e que o principal empecilho da política monetária é a desconfiança no Executivo.

O mercado ilegal de divisas na Argentina renasceu em 2010, quando o governo de Cristina impôs uma série de controles à compra de dólares para conter uma crescente fuga de divisas, restrições que se aprofundaram até que a compra de moeda estrangeira com destino à economia pessoal também fosse vedada.

Os controles sobre as divisas estrangeiras foram se endurecendo progressivamente até que só os argentinos que demonstram que viajarão ao exterior podem conseguir autorização da Fazenda para comprar a moeda estrangeira, mas com uma nova taxa adicional. O governo, no entanto, nega que haja um “cerco cambial”.

Reservas

O país também enfrenta diminuição nas reservas monetárias. Segundo dados do Banco Central argentino, em 2013 elas caíram em US$ 15 bilhões e, durante as primeiras semanas de 2014, novos pagamentos de dívida as fez cair abaixo dos US$ 30 bilhões, o nível mais baixo desde 2006.

Capitanich negou também que haja intranquilidade no governo pela queda de reservas internacionais e definiu como "política virtuosa" a decisão de empregá-las para o pagamento da dívida do Estado.

A maior demanda de turistas no atual período de férias e as operações de especuladores que se beneficiam do preço alto da divisa aceleraram a alta na cotação paralela desde o começo de janeiro.

Fonte: Opera Mundi