Premiê de Israel ataca Irã e Síria no Fórum Econômico Mundial

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, está em Davos, na Suíça, com ministra da Justiça Tzipi Livni e com o presidente, Shimon Peres, para o Fórum Econômico Mundial, onde já lançou declarações infames e agressivas contra o Irã e a Síria. Além disso, as negociações de Israel com a Autoridade Palestina também devem ser discutidas no fórum.

Benjamin Netanyahu Fórum Econômico Mundial - Michel Euler / Associated Press

Netanyahu fez o seu discurso, nesta quinta-feira (23), depois da fala do presidente iraniano, Hassan Rohani, e aproveitou a deixa para criticar novamente o governo persa, acusando-o de desenvolver armas nucleares.

As declarações de Netanyahu sobre a sua posição como “uma ilha de democracia” em meio a um mar “de extremismo” são frequentes, apesar das denúncias constantes sobre as violações do direito internacional, já institucionalizadas por suas políticas e ações tanto contra os palestinos quanto contra seus vizinhos, principalmente libaneses e sírios.

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Ainda assim, Netanyahu repetiu seu rechaço ao processo diplomático que o Irã e o Grupo 5+1 (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China, membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, mais a Alemanha) vêm impulsionando sobre o programa nuclear persa.

“Eles dizem que se opõem às armas nucleares. Por que eles insistem em manter mísseis balísticos e plutônio, e as centrífugas avançadas que só são usadas para a produção de armas nucleares?”, perguntou Netanyahu.

Há meses, as convocatórias inflamadas do seu governo a um ataque aéreo contra instalações nucleares do Irã e as posturas históricas de agressividade de Israel parecem fornecer alguma especulação sobre a “insistência” do Irã em manter recursos para a sua autodefesa, embora o presidente Rohani tenha ressaltado que a violência não faz parte da sua política de segurança, como faz da política israelense.

Netanyahu acusa o Irã também de financiar “grupos terroristas”, onde enquadra o partido e movimento de resistência libanês Hezbolá, atuante e determinante para a proteção do território libanês contra as suas violações frequentes e nas últimas grandes guerras lançadas por Israel contra o país.

O premiê sionista – a ideologia colonizadora e hegemonista, ou imperialista, importada da Europa – também acusou o governo persa de envolvimento direto na violência que assola a Síria há três anos, cenário em que a participação de Israel, de outros vizinhos (como a Turquia e a Arábia Saudita) e dos EUA já tem sido denunciada desde que a brutalidade se instalou.

Ilha de democracia ou mar de opressão

Para Netanyahu, estas questões são apenas de uma luta pela hegemonia sobre a região, posição que o seu governo reivindica, como a “ilha de democracia” que diz representar.

Além das seis décadas de opressão e ocupação do povo e das terras palestinas, diversas denúncias recentes como a criminalização dos imigrantes africanos – muitos dos quais, requerentes de asilo que já refugiaram-se de outras situações de violência ou perseguição -, a segregação contra árabes-israelenses e diversas outras questões patentes na repressiva ideologia sionista têm revelado a face nem tão democrática de Israel.

Netanyahu também questionou as sugestões do Irã sobre a realização das eleições livres e democráticas na Síria – assim como afirmado pelo governo árabe, já que "é o povo sírio quem deve decidir o seu destino" – ao dizer que o “governo xiita iraniano e o seu apoio financeiro são centrais para o controle do poder pelo presidente Bashar al-Assad.”

Enquanto isso, o envolvimento das forças militares e de inteligência israelenses, em cooperação com as sauditas, turcas e estadunidenses, principalmente, são cruciais para o avanço e a manutenção da violência protagonizada pelos grupos armados.

Netanyahu é apresentado na página do Fórum Econômico Mundial como um intelectual formado na Universidade de Harvard (EUA) e no Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT) e com a carreira militar inaugurada na Guerra dos Seis Dias, de 1967, com seu cargo devidamente descrito: “serviu as Forças de Defesa de Israel em uma unidade de comando de elite e participou em várias missões durante a Guerra de Atrito,” também conhecida como um episódio sanguinário e de avanço agressivo da ocupação de territórios árabes, em grande parte ainda hoje capturados.

Moara Crivelente, da redação do Vermelho,
Com informações da página oficial do Fórum Econômico Mundial