Eleições na Costa Rica deste domingo definirão futuro da Celac
A presidência temporária da Celac foi entregue, nesta quarta-feira (29), pelo líder cubano Raúl Castro à presidenta da Costa Rica, Laura Chinchilla, que a assumiu com o compromisso de trabalhar à frente do bloco de forma a pensar mecanismos comuns para reduzir a pobreza, o crime organizado e o tráfico de drogas. “Converter os consensos [da declaração de Havana] em resultados para nosso povo é o grande desafio da Celac”, declarou.
Por Vanessa Martina Silva, do Portal Vermelho
Publicado 30/01/2014 15:55
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Em seu discurso, a mandatária lembrou que “a Celac é uma instância estatal; no entanto, deve procurar construir o consenso nutrindo-se de aportes da sociedade civil, das instituições acadêmicas, dos atores produtivos e das comunidades”.
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De fato, a Celac tem a partir de agora o grande desafio de consolidação. O trabalho realizado por Cuba à sua frente — com toda a simbologia que representa um país comunista, banido da Organização dos Estados Americanos (OEA) e que vive sob o bloqueio econômico e financeiro imposto pelos Estados Unidos — foi de extrema importância não apenas por integrar de maneira mais efetiva os países caribenhos à instituição, como também por trabalhar em consensos importantes e na consolidação da região como uma zona de paz em que se respeita a soberania e a autodeterminação dos povos.
Cuba assumiu, em 2013, a presidência temporária que lhe foi entregue pelo Chile governado pelo direitista Sebastián Piñeira. Sob sua liderança, a Celac foi definida como um fórum que, sem sede ou secretariado, não seria mais que um local para conversas amigáveis e discursos diplomáticos.
Mas, polemizando com esta visão, Raúl Castro corrigiu o equívoco conceitual: “a Celac não é uma sucessão de reuniões e sim uma visão comum da pátria grande latino-americana e caribenha”. E, em seu discurso, enfatizou a necessidade da criação de “um espaço político comum no qual avancemos para a paz”.
E a Costa Rica?
Chinchilla parece concordar com Raúl quanto a esta definição sobre a Celac. Para a mandatária, a aspiração aos consensos no bloco é grande — todas as decisões têm que ser consensuadas “e estes consensos devem dar lugar a resultados”, afirmou.
No entanto, em entrevista ao jornal El País, Chinchilla declarou que “a Celac não pretende substituir a OEA”, posicionamento contrário ao adotado por países progressistas como o Equador, Venezuela e Bolívia para quem não faz sentido participar de fóruns internacionais que excluam Cuba de suas discussões. Além disso, a Costa Rica foi o único país presente na Celac em Havana a se reunir com dissidentes cubanos na ilha. Nem o México, que é fortemente incentivado a isso pelos Estados Unidos o fez. Tais elementos podem, no cômputo geral, significar um retrocesso ou o não avanço nas temáticas integracionistas da Celac.
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Mas, a situação na Costa Rica é incerta. Neste domingo (2), o país decidirá quem será o novo presidente do país. A disputa está acirrada a ponto de o principal jornal do país, o La Nación, ter optado por não divulgar o resultada da última pesquisa para não dar margem a “manipulações mal intencionadas”. De certa forma, o futuro da Celac passa por estas eleições em que o bolivariano José M. Villata tem grandes chances, de vencer.
O socióligo e politólogo argentino, Atilio Boron lembrou, em artigo publicado recentemente que “Chinchilla, que por muitos anos foi uma funcionária da Usaid, garantirá com o triunfo do oficialismo a ‘domesticação’ da Celac e o retorno ao projeto movido por Sebastián Piñera (…). Mas todas as pesquisas dão por certo que haverá um segundo turno e o discurso e as propostas bolivarianas do candidato da Frente Ampla, José M. Villata poderiam catapultá-lo na presidência da Costa Rica. (…) Se tal coisa ocorresse, a Celac poderia dar um novo passo para a sua institucionalização definitiva, algo que a América Latina e o Caribe precisam de maneira inadiável.