Ucrânia anuncia eleições antecipadas e revisão da Constituição

No contexto de uma nova onda de violência fatal, o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovytch anunciou nesta sexta-feira (21) eleições presidenciais antecipadas e uma reforma constitucional. Além disso, também se compromete com a formação de um governo de unidade nacional, depois de o premiê já ter sido substituído. As duas questões estão entre as principais na agenda da oposição ucraniana, impulsionada pela extrema-direita, apesar das cerca de 80 mortes nesta semana.

União Europeia na Ucrânia - Vostock-Media/Reuters/Alexander Demianchuk

"Anuncio o início de um processo de eleição presidencial antecipada", afirma o presidente em um comunicado, ainda sem especificar a data, assim como o retorno à Constituição de 2004, que retira poderes ao cargo de presidente para retorná-los ao Parlamento. Uma nova Constituição havia sido adotada em 2010, e a formação de um governo de unidade deve ser anunciada em 10 dias.

Segundo a emissora Russia Today, o parlamento ucraniano também votou pela suspensão das operações contraterroristas no país e a retirada das forças de segurança das ruas. Quase 80 pessoas morreram em confrontos nos dois últimos dias, enquanto a ação de grupos fascistas da extrema-direita tem sido enfatizada.

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De acordo com o Ministério do Interior no país, os policiais não usavam munições letais, mas várias mortes foram anunciadas como consequência de balas reais. Sete dos mortos, de acordo com fontes oficiais, são policiais, e a oposição ainda fornece dados superiores de vítimas fatais, enquanto assegura que as forças de segurança passaram a usar munições reais. As autoridades também estimam que 570 pessoas ficaram feridas.

Um acordo para a anistia – já proposta antes pelas autoridades, mas cujos termos foram rechaçados pela oposição – foi finalmente alcançado no início da semana, o que não impediu o intensificar da violência nas ruas. A Organização das Nações Unidas (ONU) vinha urgindo às negociações, enquanto a União Europeia avançou sanções contra autoridades ucranianas, mais uma das suas ações de pressão e, de forma menos declarada, apoio à oposição.

Apesar do aumento da violência, partidos da extrema-direita nacionalista continuaram a convocar as manifestações, recusando diversos compromissos avançados pelos blocos políticos no governo. O premiê Nicolai Azarov renunciou em janeiro, mas as tensões na rua também se mantiveram.

As sanções da UE contra a Ucrânia foram denunciadas pelo chanceler da Rússia Serguei Lavrov como uma “chantagem”, devido ao apoio do bloco às manifestações na rua. Além disso, a exigência das eleições antecipadas é, para ele, uma forma de forçar o país na direção da integração à organização.

A UE, por sua vez, assim como os Estados Unidos, acusam a Rússia de exercer "demasiada influênica sobre a Ucrânia", já que um acordo comercial entre o país e o bloco europeu – submerso em uma crise avassaladora que tem empobrecido o povo e beneficiado as elites – teria sido suspenso em prol da adesão à união aduaneira com a Rússia e outros vizinhos.

O governo e os líderes da oposição – favoráveis à adesão da Ucrânia à União Europeia, um processo que havia sido suspenso pelo presidente ucraniano – estiveram negociando um acordo durante a noite, após dois dias de violência intensa. Uma das condições para a implementação do acordo é o fim dos confrontos que já se espalharam pelo país.

Da redação do Vermelho,
Com informações da Russia Today