Mortalidade infantil é 9 vezes maior entre crianças indígenas

Cerca de 40% de todas as mortes entre índios brasileiros registradas desde 2007 foram de crianças com até 4 anos. O índice é quase 9 vezes maior que o percentual de mortes de crianças não indígenas da mesma idade, que fica em 4,5%.

desnutrição infantil indígena - Reprodução

Porém, segundo a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), esses números têm caído consideravelmente. De 2000 para 2004 a taxa despencou de 74,6 mortes para cada mil nascidos vivos para 47,4. Atualmente o índice é de 41,9 para cada mil crianças indígenas nascidas vivas.

Dados do Datasus, banco de dados do SUS, mostram que uma das principais causas de morte de crianças indígenas até 9 anos de idade é a desnutrição. De 2008 até agora já foram registrados 419 casos. Isso significa 55% de todas as mortes por desnutrição infantil registradas no país. No entanto, os indígenas representam apenas 0,4% da população brasileira.

O professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Douglas Rodrigues, especialista em saúde indígena há 40 anos, classifica esses dados como “inaceitáveis”. Segundo ele, esses óbitos podem ser evitados com ações básicas de saúde nas aldeias. “É preciso conversar com as mães, entender por que eles [crianças] não ganham peso e orientá-las sobre a melhor forma de agir."

Mas ele afirma ainda que a falta de intérpretes entre agentes de saúde e os índios é um grande problema em muitas áreas do país.

Índios adultos

Um levantamento feito pela BBC Brasil, por meio da Lei de Acesso à informação, levantou as principais causas das mortes entre os indígenas. O estudo mostrou que nos últimos sete anos 2.365 índios morreram por causas externas, ou seja, acidentes ou violência, destes, 833 foram vítimas de homicídio.

No entanto, o suicídio também tem uma taxa assustadora entre os indígenas, desde 2007 houve registro de 351 mortes, destas, 104 na região do Alto Solimões, no oeste do Amazonas. O índice de suicídio entre não indígenas é de 4,9 para cada 100 mil habitantes, entre os indígenas esse número cresce para 9.

Já as doenças parasitárias e infecciosas entre os indígenas representa 8,2% das mortes, entre os não indígenas o número cai para 4,5%. Doenças ainda mais simples, como gripes, representam 15,3% da morte de indígenas adultos.

Da redação do Vermelho, com agências