Putin e Obama discutem crise na Ucrânia e relações bilaterais

Os presidentes da Rússia e dos Estados Unidos, Vladmir Putin e Barack Obama, conversaram novamente por telefone sobre suas visões opostas acerca da situação na Ucrânia, nesta quinta-feira (6). As autoridades russas têm reagido contra a “hipocrisia” e o “cinismo” do governo estadunidense, com seus apelos para que a Rússia não interfira na questão. Entretanto, Putin disse esperar que as relações entre os dois países não deteriore.

Rússia e EUA - Reuters / RIA Novosti

O presidente Obama telefonou a Putin algumas horas depois de anunciar novas restrições para vistos e sanções financeiras contra os russos que o governo estadunidense acusa de “contribuirem” para a crise na Ucrânia.

Um comunicado de imprensa da Casa Branca explicava que Obama “enfatizou que as ações russas violam a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, o que nos levou a tomar diversos passos em resposta, em coordenação com nossos parceiros europeus.”

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O comunicado refere-se à secessão da Crimeia, região autônoma do sul da Ucrânia, para a sua reintegração à Rússia. A decisão foi tomada a partir de uma votação no Parlamento, e ainda deve passar por um referendo popular. A Crimeia é habitada majoritariamente por russos e foi transferida à Ucrânia, de forma controversa, em 1954.

Putin respondeu a Obama que o novo governo da Ucrânia, que tomou o poder através de um golpe, não é apoiado por todos os cidadãos ucranianos, mas “está impondo decisões absolutamente ilegítimas sobre as regiões do leste, do sudeste e a Crimeia.”

“A Rússia não pode ignorar os pedidos de ajuda que recebe nesta situação e age apropriadamente, em respeito completo ao direito internacional,” disse o presidente Putin, em declarações dadas nesta semana à imprensa.

Ele disse considerar as relações entre a Rússia e os Estados Unidos extremamente importantes para garantir a estabilidade e a segurança no mundo. “Essas relações não podem ser sacrificadas por diferenças sobre problemas internacionais individuais, embora eles sejam de grande importância.”

Negociações sobre a Ucrânia

Os dois presidentes declararam que seus chanceleres, Serguei Lavrov e John Kerry, continuarão mantendo conversações expressivas sobre a crise na Ucrânia, que eclodiu em novembro de 2013, quando o Parlamento ucraniano decidiu suspender as negociações para um acordo comercial que levaria à adesão do país à União Europeia.

Segundo os críticos e a oposição de direita no país, a suspensão da adesão significava a preferência pelas relações com a Rússia, como se a aproximação ao bloco europeu e ao país vizinho fossem mutuamente excludentes, embora o fortalecimento da relação com a Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan), estritamente militar, seja motivo de alarme, dado o seu papel belicoso e suas bases agressoras, consolidadas no período da Guerra Fria.

     Foto: Reuters
   
      Diante do Parlamento da Crimeia, manifestante ergue a bandeira da União Soviética.

Em reação ao voto do Parlamento da Crimeia e aos planos de realização do referendo já em 16 de março, para a decisão sobre a secessão da Ucrânia e a reintegração à Rússia, Obama criticou a discussão, “que deve incluir o governo legítimo da Ucrânia. Em 2014, estamos muito à frente dos dias em que as fronteiras eram redesenhadas por cima das lideranças democráticas.”

No desenrolar da crise, a ascensão fascista em meio às manifestações nas ruas e a escalada acelerada da violência nos protestos não impediu a oposição de continuar a instigar os manifestantes contra o governo, ou o Ocidente de respaldar os eventos, de forma a intensificá-los, em detrimento das negociações.

Os Estados Unidos reconheceram imediatamente o novo governo quando a oposição de direita e de extrema-direita tomou o poder e destituiu ilegalmente o presidente Viktor Yanukovich, no final de fevereiro. Um dia antes do golpe, a União Europeia havia mediado um acordo entre os dois lados sobre diversas medidas e sobre os diálogos políticos a seguir, mas o acordo foi flagrantemente violado.

Da redação do Vermelho,
Com informações da emissora Russia Today