Ney Campello faz um balanço da preparação da Bahia para a Copa

O titular da Secretaria Estadual da Copa (Secopa-BA), Ney Campello, fez um balanço sobre a preparação de Salvador, uma das cidades-sede da Copa do Mundo no Brasil, para o megaevento, em uma entrevista ao Bahia Notícias, divulgada nesta terça-feira (11/3). A três meses do mundial, o secretário afirma estar tranqüilo, mesmo considerando algumas dificuldades na realização do trabalho.

Aos jornalistas Evilásio Jr., Lucas Cunhas, Alexandre Galvão e Rebeca Menezes, Ney Campello falou sobre mobilidade, legados, carnaval, manifestações e racismo no futebol. O Vermelho separou os principais trechos da entrevista, que pode ser conferida na íntegra no endereço (www.bahianoticias.com.br). Confira.

Preparação

Nós temos equacionado o estádio, que nos dá uma tranquilidade em relação às sedes que não fizeram parte da Copa das Confederações. Temos a infraestrutura de recepção e hotelaria, que para nós também é um problema que não vamos enfrentar. Mas o aeroporto é uma primeira dificuldade, uma incógnita.

Para nós, essa interrupção das obras [do aeroporto], no sentido da não conclusão integral, no meu entendimento não foi uma boa atitude – tomada pela Infraero através do ministro [da Aviação Civil] Moreira Franco. Acredito que tinha que se fazer o esforço. Não significa que não vai dar certo, que vai ser um caos.

Mobilidade

O que nos traz mais preocupação nesse momento? Primeiro, o período muito mais extenso da presença do torcedor visitante. Segundo, a prefeitura já tomou a decisão de não decretar ponto facultativo nem feriado, mas liberar algumas horas antes. […] Eu acredito que a chegada ao estádio funciona legal. Agora precisa avaliar se o metrô estará operacional. É uma questão que eu não tenho como responder porque depende da concessionária.

Manifestações

As recentes pesquisas do Datafolha apontam que 67% do público nordestino quer a Copa, e que 81% deste mesmo público é contra protestos durante os dias de jogo. […] A minha opinião é de que não teremos reprodução das manifestações que tivemos em 2013. […] Não nego os dramas sociais brasileiros, temos demandas sociais importantes que precisam ser enfrentadas pelo país. Agora, isso não se resolve projetando uma imagem ruim para o mundo inteiro. Ninguém ganha com isso.

O único risco que vejo em 2014 é se houver qualquer movimentação de caráter mais político-partidário em função das eleições. Essa é uma variável imponderável que a gente tem que fazer um apelo às lideranças nacionais dos partidos, para que entendam que Copa do Mundo não pode ser o estuário destas disputas que vão se seguir. Porque enganam-se os que acham que vão ganhar ou perder eleição com o fracasso do evento.

Legados

No campo do chamado legado tangível, o estádio e tudo o que ele reproduz em torno dele – revitalização, valorização imobiliária, geração de trabalho e renda para a população, impacto na recuperação do Centro Histórico. Além disso, temos mobilidade urbana: foi a Copa que trouxe o metrô para Salvador. Durante o evento, a população vai perceber muito pouco, com apenas os 7,5 quilômetros que estavam parados há 12 anos, mas depois ela vai ganhar um sistema de 41 quilômetros.

[…] Você já vai receber, em 2014, o aeroporto com 60 check ins, com sanitários novos, com área de alimentação nova, com o desimpedimento de todas aquelas áreas internas ocupadas por quiosques. […] O porto também. Já se entrega o chamado pavimento térreo do terminal de passageiros e a integração. É outra obra que fica para a cidade, no nosso mais belo cartão postal [Baía de Todos-os-Santos].

Há atrasos? Há. Dizer que o planejamento brasileiro não tem atraso é não ter uma relação sincera e transparente com a sociedade. Mas os atrasos, no meu entendimento, não comprometem o evento. O que eles fazem é retardar o legado definitivo que ficará para a população. Mas ficará.

No legado intangível, será algo importantíssimo para o turismo. Temos que compreender que a Copa vai alavancar o setor na Bahia, e esses números são demonstrados ao longo do tempo. […] A vinda desse evento, para o turismo e para a economia, trouxe bons resultados. Traz a geração de trabalho, de renda, tem muitos pequenos empresários com serviços voltados para a Copa

Carnaval

Não tenho nada contra o axé, mas acho que perderíamos uma oportunidade singular se não utilizarmos o São João, nossa manifestação mais tradicional e maior festa, para potencializar nossa cultura e mostrar isso ao estrangeiro. Não há razão de termos um segundo carnaval [na Copa], na minha opinião. Podem ter manifestações do carnaval durante a copa. Aliás, deve. Mas não nesse formato.

Racismo

Estamos fazendo uma ação conjunta com Secretaria do Trabalho, e do Esporte também, sob a liderança da nossa chefe de gabinete Olívia Santana, e vamos lançar um livro cujo nome é “Copa sem racismo”. […] Para mim, o racismo é como a fome ou poliomielite: você tem que extinguir, não pode ter um.

Da Redação