Exposição de Salvador Dalí chega ao Brasil em maio

“Quando tinha 6 anos, queria ser cozinheiro e, aos 7, Napoleão. Desde então, minha ambição foi aumentando sem parar.” Com a frase que abre sua autobiografia — “La vida secreta”, escrita e lançada em 1942, quando, diga-se, tinha menos de 40 anos —, Salvador Dalí (1904-1989) já deixa entrever o que seria sua inegável marca: o desejo de tornar-se o mais conhecido excêntrico de seu tempo.

Figuras tumbadas en la arena - Reprodução

Um vaidoso Dalí, assim, construiria seu próprio museu mais tarde, aberto em 1974, para ser “o maior objeto surrealista do mundo”. O Teatro Museu Dalí, em Figueras, cidade natal do artista, recebe hoje um milhão de visitantes por ano e figura no ranking dos mais visitados da Espanha. É de lá que vem ao Brasil boa parte das obras que compõem a não menos ambiciosa exposição “Dalí”.

Principal mostra do ano da Copa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio, será aberta em 29 de maio e, em outubro, seguirá para o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, que há cinco anos negocia sua vinda ao país.

Apesar de serem coleções vastas, elas não detêm as mais famosas pinturas de Dalí, como “A persistência da memória”, de 1931 (aquela célebre imagem dos relógios que parecem derreter). Ainda assim, há importantes trabalhos na exposição brasileira, como “Figuras tumbadas em la arena”, de 1926, ano em que Dalí conhece Picasso e expressa a influência do cubista em suas pinturas.

Nas casas onde viveu, convertidas em museus, o espanhol de fato ergueu um acervo pessoal bizarro. No vilarejo de Púbol, onde reformou um castelo medieval para dar à sua amada, a russa Gala — que abandonou o poeta Paul Elouard e sua filha para ficar com Dalí em 1929 —, um cavalo empalhado abre a visita. Estão lá sobretudo reproduções de telas e móveis estranhos que Dalí projetou, como uma mesa com patas empalhadas de avestruzes.

Fonte: O Globo