SSA: Militância celebra luta do PCdoB e a resistência à ditadura

Com a militância em peso, o PCdoB na Bahia comemorou a passagem dos 92 anos de fundação, nesta terça-feira (25/03), na Faculdade de Arquitetura da UFBA, em Salvador. O evento marcou também os 50 anos do Golpe Militar de 1964, que transcorre no próximo dia 1º de abril, e a resistência tenaz do Partido Comunista do Brasil ao regime.

A presidente do Comitê Municipal do PCdoB em Salvador, Olívia Santana, lembrou que este foi o partido que esteve à frente desde o início na resistência e que mais perdeu vidas no período. “O Golpe Militar foi muito marcante para do país, instaurando os anos mais duros da história. Mas, o seu fim é um marco também da tentativa de democracia”. Ela fez ainda uma homenagem a Péricles Souza, Renato Rabelo e Haroldo Lima, importantes nomes do movimento de combate ao regime militar.

Com propriedade, Haroldo Lima, que viveu de perto os longos anos de chumbo, contou um pouco da

história e da repercussão que a Ditadura tem ainda hoje na vida dos brasileiros. De acordo com o dirigente, o PCdoB levantou bandeiras fundamentais para o fim da ditadura: anistia para os chamados crimes políticos e revogação de leis e atos de exceção.

Para Haroldo, não podemos aceitar que digam que foi um movimento civil-militar, pois os brasileiros não têm que dividir a culpa e os crimes. “A polícia sempre fazia chacinas e forjava tiroteios para justificar os assassinatos. Eu fiquei preso três anos e uma década exilado. Eu não cometi crime político nenhum. Lutei pela liberdade, pelo Brasil”.

Ele reforçou que a luta contra o regime militar foi uma vitória do povo, mas que não acabou ainda. Há algumas coisas a reparar, como a punição dos crimes cometidos pelos militares, de tortura e assassinatos; os desaparecimentos, que as famílias não têm respostas; e casos como o de Anísio Teixeira, que até hoje ninguém sabe se sofreu aquele acidente no fosso do elevador ou se foi jogado pelos militares. “Estes crimes cometidos contra a sociedade não foram anistiados”.

A socióloga Mary Garcia Castro apresentou um texto sobre resistência do PCdoB à ditadura, a partir da participação das mulheres. Entre tantas páginas que lembravam a garra comunista para sobreviver aos anos de chumbo, nomes como Elenira, Valquíria, Olga, Gaia, Maria Lúcia e Loreta foram citados, representando a força feminina na luta em defesa do povo. As palavras de Mary destacaram o papel da mulher na história do PCdoB, como objeto de transformação política e social.

Olívia lembrou que a luta do PCdoB é também contra o racismo e por uma sociedade justa e igualitária. Para ela, o ato de aniversário de 92 anos mostrou que a cada dia, a militância mostra que sabe fazer política e, assim, faz a diferença.

De Salvador,
Maiana Brito

Fotos: Manoel Porto