SC: Curso Básico de Emancipação da Mulher mobiliza comunistas

Estratégica e transversal, a luta pela emancipação das mulheres se consolida entre a militância do PCdoB com prática cotidiana e formulação teórica. Seguindo a linha comunista de investir na formação de seus quadros, a Secretaria Nacional de Mulheres do PCdoB lançou, em 2014, o Curso Básico sobre Emancipação da Mulher (Cbem).

Por Clarissa Peixoto*, para o Vermelho

curso Básico de Emancipação da Mulher mobiliza comunistas - Josemar Sehnem

Em Santa Catarina, o curso foi realizado pela primeira vez nesse sábado (12), em Florianópolis. A atividade contou com a participação de mais 60 dirigentes municipais e estaduais, além de militantes do partido.

Para subsidiar a discussão, o público assistiu ao vídeo produzido pela Secretaria Nacional de Mulheres do PCdoB, que a partir da realidade concreta das mulheres brasileiras, apresenta perspectivas para a luta emancipacionista. "O vídeo é bastante pedagógico e demonstra que o partido vem abraçando, de forma inconteste, o enfrentamento de toda a forma de violência contra a mulher, inclusive a lesbofobia e a transfobia. Agora precisamos incorporar nas próximas formações as novas identidades de gênero", destaca Carmen Lúcia Luiz, feminista e integrante da comissão auxiliar de mulheres do PCdoB/SC e que realizou intervenção sobre o vídeo para o início do debate.

Em continuidade, os/as participantes promoveram algumas reflexões sobre violências contra as mulheres; descriminalização do aborto e o estado laico; participação política das mulheres e a transversalidade das discriminações e opressões de gênero.

Luta pela emancipação das mulheres é tarefa do coletivo partidário

Na parte da tarde, duas intervenções especiais trataram da política do PCdoB para o enfrentamento da opressão, em busca da emancipação das mulheres. A secretária estadual de mulheres do PCdoB/SC, Simone Lolatto, afirmou que enfrentar a desigualdade de gênero é uma tarefa primordial.

"Ainda estamos comemorando as primeiras vitórias da participação política das mulheres e, por serem somente as primeiras, é que precisamos fazer muito mais. É necessário enfrentarmos as opressões contra as mulheres na sociedade, mas também precisamos refletir na convivência e militância partidária esses valores. Não podemos aceitar a violência de gênero ou qualquer outra forma de opressão dentro do partido", reforça.

Liége Rocha, secretária nacional de mulheres do PCdoB, apresentou os avanços da política partidária após a construção da 1ª e 2ª Conferências sobre a Emancipação da Mulher, assim como os desafios propostos que o coletivo partidário ainda precisa superar. "Temos muito para avançar, mas o PCdoB dá passos importantes na política de emancipação das mulheres, tentando construir a equidade. O fato de termos envolvido o coletivo partidário na construção de uma conferência interna que dá visibilidade a questão da mulher tem nos tornado referência para outras organizações partidárias que procuram avançar nesse sentindo", aponta Liége.

As falas de Simone e Liége deram a tônica da segunda parte das discussões sobre a política partidária e a questão da mulher. Os participantes dividiram-se em cinco grupos que formularam propostas de ação para o estado e os municípios, que possam responder aos desafios aprovados na 2ª Conferência Nacional sobre a Emancipação da Mulher.

Fechando a atividade, a deputada estadual e presidenta do PCdoB/SC Angela Albino realizou uma intervenção em que destacou o cenário político estadual e a participação política das mulheres. Para Angela, as mulheres ainda têm um grande desafio, sobretudo em Santa Catarina, que está entre os piores estados do Brasil em participação política das mulheres. "Em sua luta pela participação na vida pública, as mulheres ainda enfrentam na contemporaneidade as triplas jornadas de trabalho e as desigualdades nas distribuições de tarefas domésticas e familiares. Esse é um obstáculo que  precisamos vencer, permitindo equidade de condições às mulheres", finaliza.

Emancipação das mulheres e a luta de ideias na sociedade

Entre as pessoas que passaram pelo curso, Talia Leite, presidenta da União Municipal de Estudantes Secundaristas de Chapecó (UMES), participou com entusiasmo dessa etapa de formação. "Foi um curso muito produtivo, que tratou de temas importantes como o feminismo e pautas LGBT. Mostra que o PCdoB tem compromisso com um novo Brasil, e com toda a sua pluralidade, de caras e de cores", diz Talia, filiada ao PCdoB desde 2013 e que participa pela primeira vez de um curso de formação.

O curso foi uma realização da Secretaria Estadual de Mulheres do PCdoB/SC. Durante a atividade, foi entregue aos municípios presentes e responsáveis pelas macrorregionais do PCdoB/SC, cópias do DVD com o vídeo do curso, para estimular a organização de outros debates dessa natureza, tanto com o coletivo partidário quanto com a população local. Para Simone Lolatto, democratizar essa discussão é mais uma forma de enfrentarmos as desiguais condições que ainda vivem as mulheres e buscar, coletivamente, elaborar estratégias para superá-las. "O que se planeja a partir de agora é que cada pessoa que participou dessa atividade se torne uma multiplicadora desse debate em sua região ou área de atuação. Para que juntos possamos superar todas as formas de opressão, discriminação e desigualdades", finaliza.

Ao fim do curso, a plenária aprovou uma moção de apoio às deputadas federais do PCdoB, Jandira Feghali e Manuela D'Ávila, que vêm sofrendo ameaças de estupro e morte pelas redes sociais, após se colocarem favoráveis a campanha nacional "Eu não mereço ser estuprada".

*Clarissa Peixoto é jornalista, blogueira e colaboradora do Vermelho