Memória para uso diário

Memória Para Uso Diário é um filme que documenta a luta do grupo Tortura Nunca Mais a partir de pessoas comuns que, apesar das memórias traumáticas, fazem questão de lembrar e de fazer com que suas histórias não sejam esquecidas. Ivanilda, cuja história é acompanhada ao longo de todo o filme, busca evidências para a prisão de seu marido pelo governo brasileiro. Ele está desaparecido desde 1975. 

Para os personagens, conferir outros sentidos ao passado não é só buscar reparação aos atingidos pela violência do Estado; não é apenas denunciar e levar ao julgamento os responsáveis pela violação dos direitos humanos. É, sobretudo, passar a ser protagonistas na narrativa da história, apostando em outros mundos possíveis. Uma memória que aponta para o futuro.

Suas idas e vindas se misturam às ações de militantes e parentes das vítimas da ditadura, que reconstroem suas histórias pelas ruas e cemitérios clandestinos do Rio de Janeiro, em um esforço grupal situado entre esquecimento e memória.

A obra se constrói como uma trança e, assim, vários fios da vida se encontram: o fio insistente da vida de Ivanilda; os fios tão delicados das vidas de Cléa e Lola; os fios elétricos das vidas de Cecília e Flora; os fios de aço das vidas de Rosilene e Maria Dalva. Tantos fios de vida ligados por um plano comum, que é tanto o plano da edição do filme quanto o do Tortura Nunca Mais.

O filme, com 94 minutos de duração, foi eleito o melhor documentário pelo júri da ABDec e pelo júri popular do Festival do Rio 2007. A direção é Beth Formaggini.

 
Fonte: Observatório da Imprensa