Pautas unificadas, música e repúdio ao racismo marcam 1º de Maio
O ato em celebração ao Dia Internacional dos Trabalhadores, nesta quinta-feira (1º de maio), em Salvador, foi marcado por protestos, música e unificação das bandeiras de diversos sindicatos classistas. Organizado por quatro centrais sindicais com atuação no estado (CTB, UGT, CUT e Força Sindical), o evento aconteceu no Terreiro de Jesus e reuniu, segundo a organização, mais de 5 mil trabalhadores, durante todo o dia.
Publicado 01/05/2014 23:04 | Editado 04/03/2020 16:15
O ponto alto do ato aconteceu durante o primeiro ato político, que reuniu no palco lideranças políticas, sindicais e do movimento social, em protesto contra os repetidos casos de racismo no futebol – a exemplo do que aconteceu com o baiano Daniel Alves, do Barcelona, atingido por uma banana lançada por torcedores do time adversário, em uma partida na Espanha. Os líderes ergueram a fruta e, simbolicamente, deram uma “banana” para o racismo.
A pauta de reivindicações apresentada pelas centrais é extensa, mas as principais demandas são a redução da jornada de trabalho sem diminuição do salário, o fim do fator previdenciário e a valorização do salário mínimo, segundo o presidente da seção baiana da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-BA), Aurino Pedreira. Para ele, unir todas as centrais e apresentar uma pauta unificada fortalece a luta dos trabalhadores.
“A grande luta se dá na unidade, que é importante para promover as mudanças, e o 1º de Maio tem esse simbolismo. Essa é umacomemoração, mas é também uma oxigenação das nossas bandeiras”, afirmou Pedreira, durante a festa. Outras lutas, que estão na agenda dos movimentos sociais, também foram lembradas durante o ato, como a Reforma Política e a Democratização da Mídia.
Representando o PCdoB baiano, aliado histórico dos trabalhadores, o presidente estadual Daniel Almeida esteve no Terreiro de Jesus e exaltou o trabalhador brasileiro. “Nenhuma riqueza foi e será gerada sem a força produtora”, defende. Almeida ainda comemorou as recentes conquistas, como a iniciativa que ficou conhecida como PEC das Domésticas, que amplia o direito das empregadas domésticas. Para ele, as vitórias estão relacionadas à eleição do primeiro presidente operário, em 2003.
“A trajetória de vitória dos trabalhadores é recente. Quando elegemos Lula, quando colocamos um operário na Presidência do Brasil, as conquistas começaram a aparecer”, afirmou Daniel Almeida. O presidente do PCdoB-Bahia, no entanto, entende que ainda é preciso conquistar mais: “Os trabalhadores querem e sabem que podem muito mais. Agora a luta é pela redução do trabalho”, finaliza.
Também do PCdoB esteve a presidenta municipal, Olívia Santana; a deputada federal Alice Portugal; o deputado estadual Álvaro Gomes; e a vereadora de Salvador, Aladilce Souza. Sobre a dificuldade em se aprovar as propostas que beneficiam a classe no Congresso Nacional, Alice Portugal reconheceu que há uma resistência dos grupos descomprometidos com a luta popular e sugeriu que os trabalhadores ocupem as Casas legislativas, em Brasília, pelo atendimento às demandas.
“É preciso forçar a porta do Congresso e levantar as bandeiras. Queremos democracia e votar a pauta dos trabalhadores”, afirmou Alice Portugal. Aladilce Souza também pediu que um compromisso de fortalecimento da luta dos trabalhadores fosse feito e defendeu a necessidade de se dar uma atenção especial à mulher. “É preciso garantir um tratamento igualitário no trabalho, que possibilite as trabalhadoras terem um salário justo e igual”.
A parte festiva do encontro ficou por conta da banda de reggae Adão Negro e do forrozeiro Zelito Miranda, que apresentaram ao público os maiores sucessos.
De Salvador,
Erikson Walla
Fotos: Manoel Porto