Marcelo Gavião discute a disputa pela Presidência da República

O cenário das eleições presidenciáveis, que já começa a ser desenhado no país, é o tema de um artigo produzido pelo dirigente estadual do PCdoB, Marcelo Gavião. No texto, o dirigente discute a essência e os projetos dos principais nomes já postos para a disputa eleitoral – Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

Para Gavião, os discursos apresentados por Aécio e Campos são “perigosos”, principalmente no que se refere às políticas consideradas populares. Eles têm defendido, segundo o dirigente estadual, a adoção de medidas “impopulares”, na tentativa de “ajustar as finanças”, o que poderia impactar os programas sociais, que são a marca do governo Dilma. Confira.

Três candidatos, dois projetos

*Marcelo Gavião

A campanha ainda não começou, mas o debate sobre as eleições presidenciais já toma conta da agenda política brasileira. A boa notícia é que durante essa pré-campanha temos tido a oportunidade de presenciar um debate onde a sua marca principal parece ser o da diferenciação de projetos.

De um lado, a presidenta Dilma, que embora tenha sofrido uma pequena queda nas pesquisas, segue como a favorita para ganhar as eleições desse ano. Do outro encontram-se dois candidatos, Aécio Neves, candidato do PSDB e Eduardo Campos, candidato do PSB.

Os dois últimos tentam a todo custo atrair setores “insatisfeitos” com o governo da presidenta Dilma Rousseff. Para isso, assumem discursos perigosos e já derrotados em eleições passadas. Ambos têm defendido que o Brasil precisa de coragem para adotar medidas impopulares, segundo eles, para ajustar as finanças públicas.

Recentemente, durante uma palestra a empresários paulistas, o candidato do PSDB chegou a afirmar que estava “preparado para adotar decisões necessárias, por mais que elas sejam impopulares”. Já Eduardo Campos, também em encontro com empresários, dessa vez na Bahia, afirmou que “adotará medidas duras no sentido de reconquistar a confiança do mercado”.

O que eles não têm coragem de falar claramente são quais seriam essas medidas impopulares e duras que o Brasil deveria adotar. Nas palavras de Armínio Fraga, que hoje é um dos mentores do pensamento econômico da oposição, é preciso adotar um controle estrito do gasto público, e vai além, ousa até a especular sobre a criação de uma lei que limite o que eles chamam de gastos públicos excessivos.

Seria como criar uma nova LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal, dessa vez para controlar investimentos como os dos programas sociais, principalmente os de transferência de renda. É o velho método de combater a inflação pela via do corte de demanda.

Esse movimento provocou uma boa resposta da presidenta Dilma, que durante seu pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV afirmou que “o seu governo nunca será o da mão dura contra o trabalhador”. E divulgou medidas contrárias às teses defendidas por seus dois principais opositores, como por exemplo o aumento de 10% no valor do bolsa família e a correção na tabela do imposto de renda.

Vai pintando uma eleição presidencial com três candidatos e dois projetos. Uma eleição que vai pedir do próximo governo mais mercado, ou mais estado? Independência do Banco Central, ou controle do estado na economia? Política de juros elevados que favorece o setor financeiro e os especuladores, ou ampliação dos investimentos no setor produtivo da nossa economia? São perguntas que o eleitor brasileiro terá que responder em outubro desse ano.

*Marcelo Gavião é dirigente do Comitê Estadual do PCdoB