O debate sobre as candidaturas presidenciais na Força Sindical

No momento em que as pesquisas de opinião mostram o favoritismo de Dilma Rousseff na disputa presidencial, uma pesquisa interna do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo mostra folgada dianteira da presidenta sobre os candidatos da oposição. Neste contexto, o secrertário Geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, relata o debate interno na central e reitera seu apoio a Dilma Rousseff.

Juruna
No momento em que são divulgadas novas pesquisas de intenção de voto para presidente da República, circulam também informações sobre outra sondagem importante: em quem votariam, se a eleição fosse hoje, os metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes?
A pesquisa do Ibope, divulgada na quinta-feira (22), coloca Dilma Rousseff em uma folgada dianteira de 40% das intenções de voto, o dobro daqueles que escolhem o tucano neoliberal Aécio Neves (PSDB), que passou dos 14% da pesquisa anterior para 20%, e muito à frente de Eduardo Campos (PSB), que pulou dos 6% para 11%. 
Isto é, Dilma Rousseff, que também teve ganhos em relação à pesquisa anterior (tinha 37%) venceria no primeiro turno.
A pesquisa feita entre os metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, a pedido do sindicato, pelo instituto Vox Populi, não pode ser divulgada pois não foi registrada na Justiça Eleitoral. Mas, como se pode ler no Painel da Folha de S. Paulo (em 16 de maio), aquela pesquisa mostrou uma larga vantagem de Dilma Rousseff sobre o segundo colocado, Aécio Neves. E reverte, assim, uma opinião errada a respeito dos rumos para o país apoiados por aqueles trabalhadores. 
 
Uma visão que parte das aparências sugerer que a central à qual o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes é filiado – a Força Sindical – teria tucanado, acompanhando a opção política de um histórico dirigente da entidade, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força. Ele, um dos espadachins do candidato neoliberal Aécio Neves (PSDB), é também presidente do Solidariedade, partido político criado em 2013 e que apoia a candidatura de Aécio Neves.
 
Entretanto, enganam-se as análises que supõe que a central acompanhe a opção política de seu dirigente histórico. E isso ficou claro na pesquisa do Vox Populi: trata-se de uma opção à direita francamente minoritária entre os metalúrgicos de São Paulo. E que enfrenta outras opções fortes; uma delas é a da dirigente Nair Goulart, presidente da Força Bahia, que apoia Eduardo Campos, do PSB. Outra, ainda mais forte, é a de João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical e 2º vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, eleitor e apoiador de Dilma Rousseff. 
 
Na qualidade de principal dirigente da Força Sindical que apoia Dilma Rousseff, Juruna publicou (em 15 de maio) o artigo “O debate político no 1º de Maio da Força”, no portal da Força Sindical, onde explicitou o debate. Ele parte de pressupostos democráticos e lembra que é normal, numa central sindical como aquela, a convivência opiniões diversas, e divergentes, em relação às candidaturas que concorrerão a eleição presidencial de outubro. E defende a ampla participação dos sindicatos e das centrais no debate eleitoral. São entidades que, diz Juruna, “podem exercer grande influência no País”, como já ocorreu no passado. 
Ele cita, nesse sentido, as lutas contra a carestia da década de 1950, as jornadas pelo fim da ditadura militar e a campanha pelas Diretas Já, em 1984. “Nos últimos tempos nós, sindicalistas, protagonizamos grandes lutas e campanhas pelo trabalho decente e pela valorização dos salários”, assegura. “Por intermédio da pressão que fizemos sobre os governos, seja de qual partido for, conquistamos valiosos avanços nas já citadas políticas públicas”.
 
Agora, quando se aproximam as eleições para a Presidência da República, escreveu, “já estamos fomentando em nossos sindicatos debates e ações, pautados pelo processo eleitoral”. 
Nesse sentido, lembrou o debate ocorrido na festa do 1° Maio da Força Sindical, em São Paulo, para a qual foram convidadas todas as correntes políticas: as centrais CGTB, CTB, CUT, Nova Central, UGT e os partidos PCdoB, PDT, PMDB, PPS, PSB, PSDB, PT e SDD. Nela compareceram candidatos a presidente da República, a convite da Força Sindical (o tucano Aécio Neves, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, do PT, representando a presidenta Dilma Rousseff) e dirigentes de entidades do movimento social, como o coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues. 
“Não há como esconder que o último 1º Maio da Força foi palco de exposição e disputa de ideias daqueles que, daqui a poucos meses, se enfrentarão nas urnas”, escreveu Juruna. Citando a “a capacidade de englobar tantas e tão diferentes ideologias políticas, que está no DNA da nossa Central”, reconheceu que “orquestrar esta pluralidade ideológica, que mais uma vez deu o tom do 1º de Maio, é um duro trabalho.” Mas é uma pluralidade, escreveu, que “não nos divide, pelo contrário, nos alimenta. Treina nossos ouvidos e nossa capacidade de pensar sem dogmas. Mantém nossos pés no chão.” É assim, de pé no chão, que defende a participação da Força Sindical no debate político do processo eleitoral. “A nós cabe defender a Agenda da Classe Trabalhadora, proporcionar o acesso às propostas de cada candidato e defender o direito do trabalhador em poder optar pelas propostas que melhor lhes convém”. Foi nesse sentido que exprimiu, com clareza, seu apoio à reeleição de Dilma Rousseff.