Juíza dos EUA permite que presos de Guantânamo sejam alimentados à força

 Uma juíza federal dos Estados Unidos suspendeu uma ordem de restrição temporária que impedia os militares norte-americanos de alimentarem à força prisioneiros de Guantânamo em greve de fome. Segundo a juíza Gladys Kessler decidiu nesta quinta-feira (23), as autoridades devem alimentar o prisioneiro Abu Wa'el Dhiab por causa “da probabilidade muito real de que o Sr. Dhiab morra”.

Juíza dos EUA permite presos de Guantânamo sejam alimentados - Wikicommons

 A própria Kessler havia emitido a ordem de restrição para que Dhiab não fosse alimentado à força no dia 16 de maio. Na sentença, ela disse que estava “perfeitamente claro” que a “alimentação à força é um processo humilhante, degradante e doloroso”.

Segundo a juíza, ela enfrentou uma “escolha angustiante”: ou impedir que Dhiab fosse alimentado e correr o risco de que ele morresse ou suspender a ordem de restrição e deixar que os militares tomassem atitudes que o manteriam vivo por meio de procedimentos que infligem sofrimento “desnecessário”.

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“A corte simplesmente não pode deixar o Sr. Dhiab morrer”, escreveu Kessler, em sua nova decisão. O Departamento de Defesa dos EUA afirmou que os militares só alimentam prisioneiros contra sua vontade para mantê-los vivos e respeita todas as leis ao fazê-lo. Os advogados de Dhiab, por sua vez, classificam o processo como abusivo.

Segundo Kessler, Dhiab está disposto a ser alimentado em um hospital na Baía de Guantánamo se puder ser poupado do que ela chama de “agonia” de ter tubos de alimentação inseridos e removidos a cada vez. Ela afirmou que o Departamento de Defesa se recusou a fazer qualquer concessão em relação ao procedimento atual.

O tenente-coronel Todd Breassele, porta-voz do Pentágono, não respondeu diretamente às críticas de Kessler. Ele disse que o departamento não permitiria que detentos sob sua tutela “cometessem suicídio” e que a prática da alimentação forçada é utilizada para “preservar a vida”.

Dhiab, de 42 anos, é um prisioneiro sírio detido há quase doze anos sem acusações. Uma força-tarefa em 2009 recomendou que ele fosse transferido, mas as autoridades dos EUA não querem deportá-lo para a Síria por causa da guerra civil que o país enfrenta e porque o governo o condenou, aparentemente à revelia, à morte.

O presidente do Uruguai, José Mujica, já ofereceu seu território para que Dhiab seja libertado lá, mas, até agora, a administração de Barack Obama não o fez. Dhiab já está em greve de fome há bastante tempo e seu desafio aos procedimentos de alimentação à força dos militares é o primeiro do tipo.

Fonte: Opera Mundi