Domenico De Masi defende redução da jornada de trabalho 

O sociólogo italiano Domenico De Masi, autor dos livros “O futuro chegou” e “O ócio criativo”, participou, nesta terça-feira (27), de audiência pública no Senado para abordar o tema "Cenários do Futuro nos próximos 50 anos". Durante o encontro, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) fez referência as campanhas sindicais em defesa da redução da jornada de trabalho no Brasil, atualmente estabelecida em 44 horas semanais.

Domenico De Masi defende redução da jornada de trabalho

Comentando a proposta do senador Inácio Arruda, de reduzir a jornada para 40 horas semanais, De Masi defendeu jornadas semanais de 15 horas. Ele disse que há vários tipos de trabalho e que o trabalho intelectual não para nunca, pois o intelecto precisa estar sempre atento ao mundo que o cerca.

“Smartphones, tablets e redes sociais são instrumentos que liberam tempo, permitem interações, facilitam conhecimentos. São os melhores aliados do ócio criativo. Eles reduzem a possibilidade de estar isolado ou desinformado, por exemplo. Eles são grandes aliados se usados com sabedoria”, disse De Masi.

Defensor do ócio criativo, De Mais avalia que “o trabalho é um vício, não uma virtude. Um vício imbuído pela religião, para compensar o pecado original. No paraíso não se trabalha. Por ‘ócio criativo’ não quero dizer repousar, perder tempo ou não fazer nada, rendendo-se à preguiça”.

Ele explica que o “ócio criativo” representa aquela atividade humana em que convergem e se confundem o trabalho com que criamos riqueza, o estudo com que criamos conhecimento e o jogo com que criamos alegria. “É a atividade do artesão, do artista, do empreendedor, da dona de casa, do cientista quando desenvolvida com curiosidade, motivação, criatividade e satisfação.”

Este é o futuro

Para o sociólogo, “o Brasil é um país circundado por outros 10 povos e nunca provocou guerra com ninguém, exceto com o Paraguai, no século 19. É um país de cultura pacífica interna e externamente. Além disso, valoriza a vida coletiva, a cultura, as festas populares.”

Ainda em 1930, recordou o sociólogo, foi dito pela primeira vez, pela voz de um personagem do livro País do Carnaval, de Jorge Amado, que o Brasil seria o país do futuro. Uma década depois, o autor austríaco Stefan Zweig usou a mesma expressão como título de um livro sobre as possibilidades do país.

“Agora, compara o intelectual italiano, o Brasil tem o sétimo maior Produto Interno Bruto (PIB) do planeta, conta com grandes intelectuais e possui dezenas de boas universidades. “O futuro chegou. Este é o futuro”, disse De Masi, ao final da audiência, promovida conjuntamente pela Comissão Senado do Futuro e pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte.

Da Redação em Brasília
Com informações da Ass. Sen. Inácio Arruda