Maria Balyabina: Insensatez de soldados dos EUA em Okinawa

Em bases militares remotas soldados da Otan se sentem reis e normalmente nem sequer são punidos por danos à propriedade pública, estupros e assassinatos. O comportamento de militares norte-americanos no Japão, onde eles cometem dezenas de crimes cada mês, pode ser chamado de quintessência da maldade da Otan.

Maria Balyabina*, na Voz da Rússia

Base militar dos EUA em Okinawa

Soldados da Otan há muito que ganharam uma reputação de encrenqueiros. Seu comportamento desenfreado em bases militares se tornou lendário e causa escândalos diplomáticos. Por exemplo, recentemente, na cidade portuária de Ventspils na Letônia militares da Otan iniciaram brigas de bêbados em lugares públicos, provocaram habitantes locais.

Tal comportamento de militares da Otan é algo bastante familiar, diz o vice-diretor-geral da fundação de iniciativas civis Strategiya 2020, Boris Mezhuev: “É um exército contratado, para o qual vão pessoas de respectiva mentalidade. Além disso, é um exército que não tem um sério serviço militar de combate. Essas pessoas não estão muito preparadas para ação militar de verdade. Eles estão buscando lucro e não prontidão para servir à pátria. Além disso, eles têm um sentimento psicológico – o sentimento de senhor branco. Soldados norte-americanos acreditam que todos deveriam agradecer-lhes por essas bases”.

Mas, os habitantes dos países onde se estabeleceram militares da Otan (e especialmente norte-americanos) já há muito que não estão contentes com tal vizinhança. Protestos estão acontecendo mesmo no Japão, tradicionalmente reservado, onde estão permanentemente implantados dezenas de milhares de soldados norte-americanos.

Metade deles estão em Okinawa. E o comportamento dos militares lá não se pode chamar nem de insensatez – seria uma definição muito suave. Não se trata de apenas embriaguez, brigas, e destruição de propriedade pública. Metade de todos os atos, e são várias dezenas cada mês, são crimes.

Os militares são frequentemente envolvidos em coisas mais sujas – estupros e até mesmo assassinatos. O país e o mundo inteiro ficaram chocados com um caso em 1995, quando três fuzileiros navais estupraram uma menina de 12 anos de idade.

Isso causou inúmeros protestos públicos contra a presença norte-americana no país, diz o professor da Universidade do Oriente Anatoli Koshkin: “Desde 1972, quando os direitos administrativos foram transferidos ao Japão, em Okinawa foram cometidos cerca de 5 mil crimes, incluindo um grande número de estupros. Agora, após a explosão de indignação dos japoneses em 1995, as autoridades norte-americanas fizeram concessões. Até então, norte-americanos não podiam ser julgados por tribunais japoneses. No entanto, esses três fuzileiros navais que estupraram a menina foram processados no Japão e receberam 10 e 6 anos e meio de prisão. Há relativamente pouco tempo, um caso semelhante foi registrado em 2012, e antes disso, em 2008”.

Por tais casos os militares norte-americanos são julgados não só contra os habitantes de Okinawa, mas todos os outros japoneses. Entretanto, os problemas causados pela presença de bases militares norte-americanas no país são cada vez mais.

Não se trata mais apenas dos crimes de militares, mas também de que, de fato, toda a ilha se transformou numa base militar, diz Anatoli Koshkin: “São condições de vida insuportáveis para os habitantes locais, que dizem que para eles a guerra não acabou. Constantes acidentes de aviões que caem na cabeça, práticas de tiro nas quais obuses se desviam dos alvos e atingem casas, stress constante causado pelo barulho dos aviões norte-americanos. Muitas inconveniências. Nas bases foram alocados terrenos mais férteis. Portanto, a indignação dos habitantes de Okinawa é bem compreensível”.

Mas, a propaganda japonesa está trabalhando duro para convencer os habitantes da necessidade da presença no país de bases militares estrangeiras. E para os muitos crimes as autoridades simplesmente fecham os olhos. Além disso, o primeiro-ministro do país Shinzo Abe favorece a rejeição da “Constituição pacífica”, a criação de seu próprio exército e uma participação mais ativa nos assuntos internacionais, aparentemente seguindo o exemplo dos Estados Unidos.

*Jornalista da emissora de rádio pública da Rússia

Fonte: Voz da Rússia