Vítimas integrarão diálogos de paz entre Farc e governo colombiano

 Em um novo acordo no âmbito dos diálogos de paz realizados entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no último sábado (7), foi decidido que as vítimas do conflito armado participarão das reuniões em Havana. Desta forma, uma delegação deverá chegar à ilha em breve para apresentar suas propostas e expectativas sobre a construção da paz no país e sobre a garantia de que os acordos firmados entre as partes serão cumpridos.

Ivan Márquez Farc - Franklin Reyes/ AP

Foram acordados dez princípios entre o governo e a guerrilha que deverão guiar as conversas sobre o tema das vítimas, o quarto de uma agenda de cinco itens. Para o chefe negociador do governo, Humberto de la Calle, a medida firmada hoje não tem nenhum precedente nos 50 anos de conflito armado no país. Para ele, trata-se de um “passo histórico”.

"O acordo da mesa negociadora em Cuba é um fato histórico e decisivo para o futuro da paz que permitirá a uma comissão de vítimas exigir seus direitos e justiça", disse o presidente e candidato à reeleição, Juan Manuel Santos.

O acordo foi celebrado também pela guerrilha. O chefe negociador das Farc, Iván Márquez, ressaltou que a verdade é fundamental para que seja alcançada a paz. “Talvez a verdade produza em certos funcionários do Estado, e em um punhado de oligarcas egoístas, certo temor e medo, porque desconhecem que a reconciliação é consequência da magnanimidade”.
Márquez disse ainda que "as vítimas não são só as do confronto armado e dos erros da guerra. As políticas econômicas e sociais são as piores, porque causaram a maioria das mortes na Colômbia".

Avanços

O comunicado divulgado pela parte negociadora em Havana ressalta que “as vítimas da violência têm o direito à justiça e à reparação, ao reconhecimento da responsabilidade por parte de todos os atores do conflito, para que não haja impunidade”. As partes se comprometem ainda a não repetir o conflito armado.

Entre o acordado está também a criação de uma comissão do conflito formada por especialistas para o esclarecimento da verdade, que deverá contar com a participação de todos, principalmente das vítimas. Também serão realizados, a partir de 4 de julho, fóruns regionais e um nacional, com o apoio do escritório das Nações Unidas na Colômbia e do Centro de Pensamento da Universidade Nacional.

Será formada também uma subcomissão de gênero composta por integrantes das delegações para revisar e garantir, com o apoio de especialistas, que os acordos alcançados tenham enfoque de gênero adequado.

Além destes acordos sobre a metodologia no debate sobre as vítimas, governo e guerrilha decidiram também criar uma "subcomissão técnica" integrada por negociadores das duas partes para antecipar as discussões sobre o ponto de "fim do conflito", com o propósito de agilizar o funcionamento da mesa de diálogos de Havana.

Fonte: Opera Mundi