Escola da Cidadania de Contagem homenageia o legado de Osvaldão

A Prefeitura de Contagem iniciou nesta quarta (11) mais uma etapa do processo de fortalecimento da participação popular nos espaços de decisão municipal através da instituição da Escola da Cidadania Osvaldo Orlando da Costa – uma homenagem ao herói brasileiro e ex-guerrilheiro do Araguaia, Osvaldão. A escola irá oferecer cursos gratuitos para “a capacitação e a instrumentalização do conhecimento a serviço do poder popular”, afirmou o prefeito Carlin Moura.

Por Mariana Viel, do Vermelho-Minas

Escola da Cidadania de Contagem - Ricardo Lima

A cerimônia de assinatura do decreto que instituiu a Escola da Cidadania de Contagem, contou com a presença de secretários municipais, representantes dos Poder Legislativo e membros da sociedade civil organizada. Fruto do Planejamento Participativo (PPA) – que discutiu através de oito audiências públicas as prioridades dos contagenses – a escola irá capacitar e instrumentalizar conselheiros municipais, educadores, gestores públicos, lideranças comunitárias e membros da sociedade civil a interferirem e mudarem a realidade de sua comunidade.

Em sua intervenção, Carlin lembrou que atualmente o poder político é visto de forma abstrata “como se fosse impossível e intangível a interferência e a participação popular nas mudanças, nas transformações e no aprimoramento do poder político”. Ele abordou ainda a necessidade de discutir os novos desafios do Brasil moderno e ressaltou a importância da realização de uma Reforma Política que altere, por exemplo, o modelo eleitoral. “Como vai se dar essa reforma? Ela vai ser pautada pelos interesses do grande poder econômico e da mídia ou terá também as feições da realidade do povo, dos trabalhadores e dos operários brasileiro?”, questionou.

A solenidade formalizou também a formatura dos 16 educadores sociais que irão lecionar no projeto, coordenado pela Fundação de Ensino de Contagem (Funec) e pela Secretaria de Direitos e Cidadania. A oferta dos cursos da Escola da Cidadania será elaborada a partir das demandas dos conselhos, associações e demais órgãos municipais. A presidenta da Funec, Karla Roque, explicou que os educadores foram qualificados, em março deste ano, pela Funec e pelo Instituto Cultiva. “Eles vão lecionar nos cursos, disseminando o conhecimento, o saber popular e a cultura democrática participativa".

O educador social, Geraldo Magela – formado na primeira turma do projeto –, lembrou que Contagem é a cidade de um povo que mira em direção de um sonho de prosperidade e oportunidade. Para ele, o grande desafio dos educadores será justamente dar à população a oportunidade de ser aquilo que eles são.
Carlin encerrou seu pronunciamento falando da força simbólica da homenagem a Osvaldo Orlando da Costa como patrono da Escola da Cidadania. Ele lembrou que por ser militante do PCdoB, Osvaldão, que era neto de escravos, teve a oportunidade de estudar Engenharia na Universidade de Praga, na Checoslováquia. “Hoje temos uma maior participação da população afrodescendente no ensino superior, através de políticas afirmativas como as Cotas, o ProUni, o Reuni”.

Ex-guerrilheiro do Araguaia, Osvaldão é também representante de um momento histórico em que a luta pela democracia significava o enfrentamento à ditadura militar. “Ele é de uma época em que se acreditava que o poder popular adviria com a revolução armada. Essa opção, por uma circunstância histórica que não nos compete julgar, foi decisiva para a criação das bases de contestação ao regime militar – que fez um estrago profundo no ponto de vista da consciência política e do exercício da cidadania”.

“A Escola da Cidadania tem o simples e singelo desafio de aprimorar, a cada dia, a participação popular, o nosso Planejamento Participativo e a consciência dos nossos trabalhadores e da nossa juventude para que tenhamos sempre o pensamento universal, crítico, construtivo e, acima de tudo, de Brasil soberano, cidadão e de todos”, concluiu Carlin.