Israel pressiona presidente Abbas e soldados matam dois palestinos

Nesta sexta-feira (20), o premiê de Israel Benjamin Netanyahu falou à imprensa em Hebron, na Cisjordânia, pressionando o presidente palestino Mahmoud Abbas a retroceder no acordo de reconciliação com o Hamas. Netanyahu acusa o grupo que acaba de reintegrar o governo nacional palestino pelo sequestro três colonos, pretexto que seu governo agressivo usa para reforçar a ocupação da Cisjordânia. Dois jovens palestinos foram mortos nesta manhã.

Por Moara Crivelente, da redação do Vermelho

Israel Palestina - Maan

No campo de refugiados de Calqília, nesta sexta, a notícia sobre as mortes de dois palestinos – um menino de 14 anos e um jovem de 22, de acordo com a agência palestina Ma'an – é a sequência de uma semana de intensificação da presença das tropas israelenses, com invasões, detenções arbitrárias massivas e repressão agressiva de protestos, nesta que é avaliada como a maior escalada do uso da força de Israel desde a Segunda Intifada (“levante” palestino contra a ocupação), inaugurada em 2000.

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Na última semana, as forças israelenses têm realizado ataques aéreos, sob o pretexto de “conter ameaças”. De acordo com um correspondente da agência palestina de notícias Wafa na Faixa de Gaza, nesta quinta-feira (19), diversas residências foram destruídas e dezenas de pessoas ficaram feridas por ataques de caças F-16 e Apaches israelenses que continuam sobrevoando o território.

Na Cisjordânia, mais de 300 palestinos foram presos na última semana em batidas violentas e no envio de mais tropas israelenses sob o pretexto de realizar buscas pelos três adolescentes raptados, colonos judeus do grande bloco de 22 colônias, Gush Etzion, próximo a Belém.

Em maio, foi recebida com otimismo e símbolo de fortalecimento nacional a reconciliação entre a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) – frente de governo que integra 13 partidos e movimentos palestinos, liderados pelo Fatah – e o Hamas, grupo islâmico que ficou à frente do governo da Faixa de Gaza após a ruptura política de 2007.

Com a assinatura do esperado acordo de reconciliação nacional, e ainda no processo de negociações entre o Hamas e a OLP, o governo de Israel tomou medidas de ameaça, com acusações contra o movimento islâmico, classificado de “organização terrorista” para justificar a imposição do grave bloqueio à Faixa de Gaza e das frequentes ofensivas contra o território e os residentes.

Os representantes extremistas dos colonos no governo de Netanyahu e a sua própria posição focam no Hamas e nas acusações sobre a sua responsabilidade pelo desaparecimento dos três colonos, embora o grupo já tenha negado envolvimento e denunciado a intenção do governo israelense de prejudicar a reconciliação palestina.

Netanyahu deu declarações e pressionou Abbas contra a reconciliação em visita a Hebron, que está sitiada pelas tropas israelenses, também presentes em mais 10 cidades e vilas palestinas, impondo toques de recolher em cidades como Nablus. Cerca de 800 residências palestinas já foram vasculhadas e na quinta-feira (19) o gabinete israelense anunciou uma série de pacotes financeiros às colônias em territórios palestinos, alegando “preocupações securitárias”, segundo o jornal israelense Haaretz.

No mesmo dia, o Ministério de Relações Exteriores da Palestina, citado pela Wafa, condenou firmemente as declarações do vice-ministro da Defesa de Israel, Danny Danon, em que se soma a outros oficiais extremistas instando à maior escalada da opressão contra os palestinos. O presidente Mahmoud Abbas também denunciou a “punição coletiva” dos palestinos e instou a comunidade internacional a agir contra as graves violações israelenses do direito internacional humanitário e as agressões contra o povo palestino.