Síria completa remoção de armas químicas do país e ONU saúda avanço

A Síria completou o processo de remoção dos agentes químicos declarados do país, em sintonia com seus compromissos internacionais, informou nesta segunda-feira (23) a Missão Conjunta da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) e da Organização das Nações Unidas (ONU). O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon foi citado pela mídia internacional saudando a cooperação fundamental do governo sírio no processo.

Opaq armas químicas Síria - Opaq

Ban Ki-moon disse, de acordo com a Agence France Presse (AFP), que "onde há vontade política – como demonstrado pela implementação bem sucedida das tarefas mandatadas da Missão Conjunta – pode haver progresso na direção da paz." Em declaração divulgada em sua página inicial, a missão criada para supervisionar a destruição das armas químicas no país árabe também destacou a cooperação e o apoio de Damasco a essa complexa operação.

Segundo a equipe, as autoridades da Síria enviaram para fora do país os 7,2% que faltavam das substâncias perigosas, o que tinha sido impossível até então pela insegurança em algumas regiões, resultante do conflito interno. "Com essa ação, cem por cento dos materiais foram destruídos ou removidos (…)", assinalou.

A Missão Conjunta, que conta com o apoio financeiro e logístico de cerca de 30 países, recordou que anteriormente já haviam sido inutilizados os equipamentos, as instalações e os vetores com capacidade de produzir ou transportar armas químicas.

Há várias semanas, os especialistas encarregados da supervisão da destruição dessas armas reconheceram que não seria cumprido o prazo do dia 30 de junho – fixado pelo Conselho de Segurança, em setembro de 2013 – para concluir em sua totalidade a eliminação das armas químicas desta nação árabe, porque ainda restavam 7,2 por cento dos agentes mais perigosos.

"Um progresso enorme nesta missão foi alcançado hoje," disse o diretor-geral da Opaq, Ahmet Uzumcu, na declaração. "Os últimos dos químicos restantes identificados para a remoção da Síria foram embarcados nesta tarde no navio dinamarquês Ark Futura. O navio fez sua última chamada no porto de Latakia, no que foi uma longa e paciente campanha em apoio a este esforço internacional."

Destruição do material químico e compromissos

De acordo com a Missão Conjunta, ao completar-se a parte da Síria no processo, será a vez da etapa da destruição dos agentes em alto mar.

A Síria desmontou instalações e equipamentos nas primeiras fases da operação, no último trimestre do ano passado, e, em 2014, enviou para fora do país, pelo porto de Latakia as substâncias químicas mais perigosas, que serão levadas a bordo de um navio estadunidense para sua neutralização por hidrólise.

Em 2013, a utilização de armas químicas durante a crise neste país esteve a ponto de desatar uma agressão dos Estados Unidos contra a Síria, depois de acusarem o governo de Bashar al Assad de lançar gases contra civis, mesmo sem apresentarem provas.

Uma iniciativa russa e a decisão de Damasco de aderir à Convenção de Armas Químicas impediram a ação de Washington, que busca a mudança de regime na nação árabe.

No final do ano passado, a equipe de cientistas enviada pela ONU para investigar o suposto uso de substâncias venenosas no conflito confirmou o mesmo, mas sem responsabilizar nenhum dos lados em conflito.

Segundo o informe final dos especialistas, foram coletadas evidências "claras e convincentes" da utilização do gás sarin em Ghouta, no dia 21 de agosto, bem como elementos que apontam para o provável uso de armas químicas em Khan Al Asal, Jobar, Saraqueb e Ashrafiah Sahnaya, sem, contudo, apresentar provas concretas.

Moscou e Damasco atribuíram o lançamento de gases letais a uma conspiração destinada a justificar a intervenção estadunidense.

Com Prensa Latina, Sana e Opaq