Torcida nigeriana vira "ponto turístico" em Porto Alegre 

Se cobrasse R$ 1 por foto posada no trajeto entre o hotel em que está hospedado e o Beira-Rio, o nigeriano Deolu Adejobi bem poderia cobrir parte das despesas que teve com a viagem para assistir a seleção de seu país contra a Argentina. O assédio era tanto, no caminho, no pátio e nas cadeiras do estádio, que ele mal podia parar para conversar. Brasileiros e argentinos disputavam um instante para capturar o momento de integração pré-jogo.

Nigeriano Deolu Adejobi

Ele é um dos poucos africanos presentes ao Beira Rio, tomado por hermanos que desde cedo já dominavam os pontos de acesso ao perímetro de restrição para o jogo. Em minoria, foi destaque com os torcedores rivais, que buscavam com ele um suvenir. “A camisa, não troco”, disse a um argentino, sem abrir margem para negociação.

Em sua quarta Copa do Mundo, ele mostrou-se satisfeito com a estrutura encontrada em Porto Alegre – seu único jogo nesta edição do torneio. “As pessoas são atenciosas, a sinalização é boa, a segurança também. Não tive problemas aqui. Muda, para melhor, a tecnologia, que avança a cada Copa do Mundo”, observa.

Em campo, Adejobi prevê dificuldades para sua seleção. Apesar de contar com bons jogadores, a falta de tempo para treinar e jogar juntos compromete o rendimento. “Além do mais, a Argentina tem Messi, Aguero, Di Maria e outros destaques importantes. Podemos vencer, há esperança. Mas acredito em conquistar um empate em 1 a 1”, arriscou .

A exceção dele e de mais um punhado de nigerianos, o colorido da festa antes da partida foi todo azul e branco. E muito antes de a bola rolar os cânticos em espanhol já experimentavam a acústica do Beira Rio. A tradicional euforia também está presente. E a confiança, em alta.

Salão para dormir

Federico Roibon, Daniel Godoy e Pablo Irala chegaram à capital gaúcha na manhã de terça-feira. A reserva de quarto havia sido cancelada pela agência, mas, assim como outros 30 compatriotas, eles conseguiram dormir todos juntos em um salão cedido pelo hotel. “Foram muito bacanas com a gente. Não há onde se instalar. A cidade está cheia”, disse Pablo.

Para eles, que viajaram de carro desde Chaco, no norte da Argentina, o jogo pode se tornar fácil. “Isso se a equipe acordar para o torneio. Até agora, não estamos jogando bem. É preciso entrar na competição. Mas se isso acontecer, somos muito fortes”, projetou Roibon.

Para ele, os perigos no caminho argentino até o título são Holanda e Alemanha. Não acreditam no time brasileiro e confiam em seus atletas contra os demais adversários.

A partida promete ser quente. Apesar de o futebol nigeriano não ter evoluído muito nos últimos 20 anos, a tradição desse confronto é de jogos pegados e de velocidade. Bom para o torcedor, que vai ocupando o Beira-Rio. Já classificada e com dois pontos a mais que a Nigéria, a Argentina pode cadenciar o jogo. Mas os nigerianos vão buscar a liderança do grupo.

Fonte: Portal da Copa