PCdoB recebe comunistas chineses e aborda relações sino-brasileiras
O PCdoB recebeu uma delegação do Partido Comunista Chinês (PCC) nesta segunda-feira (30) para abordar as relações bilaterais, os respectivos projetos socialistas e a conjuntura internacional no âmbito da cooperação sul-sul e do avanço progressista na América Latina, assim como os princípios de coexistência pacífica. Na reunião estiveram o secretário de Relações Internacionais Ricardo Alemão Abreu, o membro do Comitê Central do PCC, Chen Cungen, e outros representantes dos dois partidos.
Publicado 30/06/2014 17:44
Alemão e Chen Cungen deram início à reunião saudando as fortes relações entre o PCdoB e o PCC, com a partilha de experiências históricas, de lutas e de conquistas significativas. Chen fez menção ao 13º Congresso PCdoB e às importantes resoluções adotadas, assim como ao progresso realizado pelo PCC em sue próprio Congresso, com uma importante sessão no fim do ano passado.
“Estou aqui para compartilhar as experiências da governança e da construção partidária com os camaradas do PCdoB,” disse Chen, fazendo menção a uma das prioridades estabelecidas. “Desde o seu estabelecimento, em 1922, o PCdoB adotou e desenvolveu rapidamente os princípios marxistas” e tornou-se “um dos partidos comunistas mais influentes na América do Sul”, pontuou o membro do Comitê Central do PCC, na posição de Ministro da Comissão de Trabalho dos Órgãos Estatais.
Além do intercâmbio de experiências, Chen também ressaltou o desejo dos comunistas chineses em consolidar a sua amizade com o PCdoB, “reforçando os intercâmbios nas questões em que os dois partidos têm interesse,” abordadas desde o estabelecimento das relações partidárias, em 1953. Nestes 92 anos do PCdoB, pontuou Chen, “estou convicto de que o partido já acumula muitas experiências na construção partidária e acredito que temos que compartilhá-las.”
“Para nós é sempre muito rico este momento de intercâmbio com o PCC,” disse Alemão. “Nosso Comitê Central e a nossa militância, assim como o nosso presidente nacional, têm um grande apreço pelo Partido Comunista da China por sua linha marxista-leninista, por sua linha internacionalista e por seu papel no mundo, hoje.” O PCC, continuou o secretário de Relações Internacionais, “é um partido que ajudou a mudar o século 20 e que está ajudando a mudar o século 21, em favor dos trabalhadores e dos povos.”
Alemão explicou os desafios enfrentados pelo governo brasileiro nas eleições e pela agenda progressista, de avanços para o povo do Brasil, à qual o PCdoB aderiu desde a primeira eleição do ex-presidente Lula. “O nosso partido vive a sua melhor fase nos últimos anos; já teve várias formas organizativas e formas de luta, com grande experiência, assim como o PCC.” Na construção ideológica, enfatizou o secretário, o marxismo-leninismo precisa ser atualizado, no debate sobre a luta pelo socialismo nas condições atuais, ou a “nova luta pelo socialismo no século 21.”
Modernização e avanço
Entre as resoluções adotadas pelos comunistas chineses em seu último Congresso está a Reforma Integral Aprofundada, para a modernização com foco nas instituições estatais e no governo, assim como no próprio partido, que conta com 86 milhões de militantes integrados aos programas de formação lançados no ano passado. Com esta reforma, de incidência em áreas sociais, políticas e econômicas, a China pretende aprimorar o socialismo com peculiaridades chinesas.
A China também pretende estabelecer um sistema econômico mais aberto e transparente para continuar alavancando o investimento estrangeiro no país e ampliar as cooperações econômicas com outros países, inclusive o Brasil, explica Chen.
“Com as reformas, gostaríamos de alcançar ao menos dois objetivos: no aniversário de 100 anos desde o estabelecimento do nosso partido, queremos ter uma sociedade moderadamente desenvolvida; no aniversário de 100 anos da fundação da nossa nova China, em 2049, queremos ter um país desenvolvido. Para isso, a construção partidária é a chave.”
Relações sino-brasileiras
Em âmbito abrangente, Chen pontuou que os comunistas adotaram tarefas centrais para o país, principalmente no setor econômico, com o investimento no desenvolvimento sustentável e a maior preocupação com as questões ambientais. Além disso, o comunista chinês ressaltou a evolução das relações sino-brasileiras que, em 2012, atingiram um novo patamar. Aquele foi o ano em que os dois países estabeleceram uma parceria estratégica relevante, e quando a China ultrapassou os Estados Unidos enquanto maior parceiro comercial do Brasil.
“O governo chinês e o nosso partido valorizam muito esta parceria,” também na área política. Em 2013 o volume de negócios entre os dois países alcançou US$ 90,2 bilhões (R$ 199 bilhões). “Gostaríamos de salientar que as relações sino-brasileiras já não são só bilaterais, pois têm relevância global e estratégica (…). Gostaríamos de intensificar nossos intercâmbios em questões regionais e internacionais de interesse comum, como a crise econômica, as mudanças climáticas, a reforma do sistema mundial,” entre outras, disse Chen, focando no princípio de benefícios mútuos.
Alemão pontuou que, em termos políticos, o PCdoB e o Brasil acreditam que devem se posicionar no mundo atual, já que o país “não é uma ilha, mas está inserido no contexto global.” O programa socialista aprovado nos últimos congressos “nos orienta na construção do partido” neste sentido, explicou, com princípios leninistas, mas também com uma visão brasileira e contemporânea para a estruturação organizativa.
O secretário de Relações Internacionais do PCdoB também ressaltou a importância das relações da China com a América Latina, que enfrenta desafios profundos no avanço progressista, com uma oposição agressiva de direita respaldada por forças internacionais e pela mídia corporativa. “Mas esta luta ainda está aberta. Por enquanto, a esquerda continua vencendo,” disse Alemão. Neste sentido, a parceria da China é estratégica, principalmente devido à partilha de princípios fundamentais de coexistência pacífica e de cooperação sul-sul em todos os aspectos, que ajuda o Brasil e a América Latina a resistir e fortalecer o processo de avanço.
Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho