Urariano Mota: O professor ladrão e a Revolução Francesa

Em sua coluna “Prosa, Poesia e Política”, Urariano Mota, jornalista e escritor pernambucano, comenta o caso de um professor que foi espancado em São Paulo após ser confundido com um assaltante. “Se fosse um ladrão estaria certo sofrer o que o professor sofreu?”, questionou. 

Por Ramon de Castro, para a Rádio Vermelho

professor radio - Reprodução

O professor contou que quando foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros, teve de “dar uma aula” sobre a Revolução Francesa para provar sua inocência. Segundo ele, um dos bombeiros que o socorreu teria dito: “Se você é professor de História, então dá uma aula sobre Revolução Francesa”.

“Notem que já houve, seguramente, deboche e abuso. O soldado bombeiro pensou em pedir o impossível, pensou em se divertir com o homem espancado: se você é professor, ô ladrão, dê uma aula de história, e sobre a Revolução Francesa. Mas para desgraça da piada, o homem ferido era mesmo professor”, falou Mota.

“É uma notícia, ao mesmo tempo, comovente e revoltante. Dependendo do ângulo sob o qual a gente olha, pode-se dizer que é uma vitória do conhecimento sobre a barbárie, ou pode dizer também que é uma vitória parcial da barbárie sobre o conhecimento”, analisou Urariano.

“Mas bem que mereciam processos penais os comunicadores da televisão como a fascista Racuel Sheherazade do SBT, para lembrar, ela chamou um adolescente agredido de ‘marginal’ e pediu, em tom irônico, aos grupos em defesa de direitos humanos que estavam com ‘pena’ do jovem, que ‘adotassem o bandido’. Essa comunicadora e seus semelhantes deveriam estar presos e sob regime rigoroso em uma solitária, ouvindo a voz do professor de história falando sobre a Revolução Francesa. Ou uma adaptação de As Mil e Uma Noites, para uma Sheherazade que narrasse As Mil e Uma Barbáries”, concluiu o escritor.

Ouça a coluna na íntegra na Rádio Vermelho: