SP: Haddad quer mais parcerias para reabrir cinemas de rua

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), anunciou nesta quinta-feira (17), em entrevista coletiva, que pretende seguir o exemplo do Cine Belas Artes e firmar parcerias com empresas públicas e privadas para financiar a reabertura de outros cinemas de rua da cidade, em especial os da antiga Cinelândia, como o Cine Art Palácio, o Cine Marrocos e o Cine Ipiranga, na região central.

Hadadd - Folhapress

O Belas Artes foi fechado em 2011 e será reaberto no sábado (19), às 16h, após uma parceria com a Caixa Econômica Federal, firmada em janeiro deste ano.

O cinema foi rebatizado para Cine Caixa Belas Artes. O banco público arcará com o custeio do cinema, incluindo o aluguel do espaço, além de um investimento inicial de R$ 1,8 milhão para a reabertura do prédio. O contrato é inicialmente de um ano, prorrogável por mais cinco, e prevê atualização tecnológica das seis salas de cinema e acessibilidade para pessoas com deficiência.

“Associar empreendimentos culturais com outras estatais ou empresas privadas é um modelo de negócio engenhoso, que não compromete o orçamento público e promove arte e cultura na cidade”, disse o prefeito. "Com o sucesso dessa medida, podemos explorar a possibilidade de reabrir outros cinemas, como da antiga Cinelândia. O Belas Artes é um patrimônio da cidade e sua reabertura foi possível devido à parceria com a Caixa."

A Secretaria Municipal de Cultura já desapropriou o Cine Art Palácio e busca parcerias para tornar viável sua restauração. Além disso, o Cine Ipiranga já teve valor de desapropriação negociado em R$ 8 milhões e está em tramitação. O Cine Marrocos está ocupado por movimentos de artistas e de moradia popular e entrará nas negociações da prefeitura.

A programação especial de reabertura do cinema se estenderá entre sábado e domingo (20) e contará com filmes clássicos e inéditos, como A Malvada, Quanto mais quente melhor, e Medos privados em lugares públicos. Nestes dias, os ingressos custarão R$ 10, e a expectativa da prefeitura é que o valor das entradas fique, em média, 20% mais barato do que a média dos outros cinemas da Avenida Paulista. Às 15h30 do sábado haverá um show da banda Mustache e os Apaches.

O Cine Caixa Belas Artes deverá manter pelo menos dez sessões mensais gratuitas para professores e estudantes, sendo que metade dessas sessões deve ser direcionada para alunos e docentes das escolas municipais de São Paulo. Além disso, o cinema irá elaborar projetos pedagógicos junto com as escolas da rede.

Uma das salas será dedicada para filmes nacionais, em especial para os produzidos em São Paulo, como parte das ações da Empresa de Cinema Audiovisual de São Paulo, a SP Cine, criada em outubro do ano passado. No sábado, durante a inauguração, será lançado um edital de chamamento da empresa no valor de R$ 1 milhão, que vai selecionar dez filmes paulistas sem distribuidora para serem exibidos em salas de cinema.

No primeiro edital foram disponibilizados R$ 2 milhões para fomentar a exibição de 20 filmes paulistas, entre eles Praia do Futuro, Riocorrente, Aos ventos que virão e Lobo atrás da porta.

Histórico

O Cine Belas Artes foi inaugurado em 1943 e se tornou um dos cinemas mais tradicionais da cidade, localizado na já movimentada esquina entre as avenidas Paulista e Consolação. A polêmica sobre o fechamento começou em 2010, quando o cinema perdeu patrocínio.

A partir daí, centenas de pessoas promoveram passeatas que levaram à criação, em janeiro de 2011, do Movimento Cine Belas Artes (MBA), que liderou a mobilização cidadã pela reabertura do cinema. Foram organizadas diversas passeatas e um abaixo-assinado na internet que recolheu pelo menos 120 mil assinaturas, entre elas a de Haddad, quando era candidato à prefeitura de São Paulo, em 2012.

O secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira, reforçou a importância da mobilização social para a reabertura do cinema. “Ela foi um exemplo de cidadania. E temos vários outros equipamentos em situação parecida, que não tem capacidade financeira de confrontar a especulação imobiliária da cidade. Às vezes, esses equipamentos ajudam a valorizar uma área degradada e depois são despejados porque não conseguem pagar o preço para se manterem lá.”

O coordenador do Movimento Cine Belas Artes, Beto Gonçalves, afirmou que o movimento está envolvido na manutenção de outros equipamentos culturais. “Não podemos achar que é natural que o mercado imobiliário se aproprie das nossas coisas. Todos sofremos com isso.”

Fonte: Rede Brasil Atual