Tropas de Israel e resistência entram em confronto na Faixa de Gaza

Mais de 50 pessoas foram mortas em uma série de ataques aéreos e da artilharia israelense na Faixa de Gaza, nesta segunda-feira (21), duas semanas após ser oficializada a “Operação Margem Protetora”. Entre as vítimas estavam duas crianças de dois anos de idade e três de cinco anos, na Cidade de Gaza. No dia anterior, o mais sangrento até agora, entre as 150 vítimas fatais estavam várias mulheres e crianças.

Faixa de Gaza - Maan

O Conselho de Segurança das Nações Unidas continua declarando estar “gravemente preocupado” com a situação, enquanto o número de vítimas fatais ultrapassa o de 500 pessoas. Ashraf al-Qidra, porta-voz dos serviços médicos de Gaza citado pela Maan, informou que as vítimas incluem membros de três famílias: al-Yaziji, na Cidade de Gaza; Siyam, em Rafah – inclusive um bebê de oito meses e duas outras crianças – e Abu Jami, que perdeu ao menos 26 membros em Khan Younis.

Em resposta à invasão terrestre ordenada pelo primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu, na quinta-feira (17), as várias brigadas de resistência entraram em confrontos com as tropas israelenses e ao menos 14 soldados foram mortos, perto da sede administrativa do enclave palestino, a Cidade de Gaza.

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De acordo com as declarações emitidas em sua página oficial, as Brigadas Ezedin al-Qassam, ligadas ao partido à frente do governo de Gaza, Hamas, os palestinos na resistência "estão empenhados em defender o povo da Faixa de Gaza" contra a invasão.

As brigadas também anunciaram a captura de um soldado israelense, citando o nome de Shaul Aaron, embora o embaixador de Israel na ONU, Ron Prosor, tenha negado a informação. O exército israelense afirmou, por outro lado, que ainda a estava investigando.

"Cessar-fogo" ou fim ao bloqueio e à agressão de Israel

Ainda assim, o Conselho de Segurança instou “as partes” a “cessarem imediatamente as hostilidades”, mantendo a posição negligente frente à ofensiva lançada por Israel contra o território palestino, cujas vítimas são majoritariamente civis e crianças. Entretanto, na reunião de emergência deste fim de semana, o conselho expressou “grave preocupação pelo número crescente de baixas”, de acordo com o diplomata ruandês Eugène-Richard Gasana, em declarações à imprensa (foto). O Ruanda está à frente da presidência rotativa do órgão.

De acordo com a Maan, o representante palestino na reunião, Ryad Mansour, instou o órgão a tomar medidas decisivas para encerrar a violência e expressou frustração com o seu fracasso em garantir uma posição firme. “O Conselho falhou uma e outra vez em assumir a sua responsabilidade,” disse Mansour.

O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon urgiu Israel a exercer “o máximo de contenção” já que “demasiadas pessoas inocentes estão morrendo (…) ou vivendo em constante temor”, disse ele, durante uma coletiva de imprensa no Catar, onde encontrou-se com o presidente palestino Mahmoud Abbas. Ban deve seguir para Jerusalém ainda nesta segunda.

O Hamas continua sendo responsabilizado pelas autoridades israelenses responsáveis pela ofensiva por recusar duas propostas de cessar-fogo tendenciosas. Não se menciona que o partido fez a sua proposta para que a "trégua" não fosse mais um período volátil de “silêncio”, e sim em uma mudança nas condições impostas aos palestinos no território sitiado.

Entre as demandas do Hamas  – que é classificado por Israel enquanto “organização terrorista”, em um esforço para deslegitimá-lo enquanto ator político primário – estão:

  1. Retirada dos tanques israelenses na fronteira;
  2. Libertação dos palestinos detidos durante a operação Guardião Fraterno – lançada em 12 de junho sob o pretexto de buscar por três colonos desaparecidos;
  3. Fim do bloqueio à Faixa de Gaza; reconstrução do aeroporto e um porto supervisionado pela ONU;
  4. Garantia de acesso a ¼ da zona marítima acordada para Gaza – oficialmente de 40 quilômetros, mas demandada em 10 quilômetros, inicialmente;
  5. Garantir a supervisão internacional da passagem de Rafah entre o território e o Egito;
  6. Posicionar tropas internacionais e árabes nas fronteiras;
  7. Permitir o acesso de muçulmanos à mesquita Al-Aqsa (terceiro local mais importante para o Islã) em Jerusalém, controlada por Israel;
  8. Proibir a ingerência israelense na política palestina, inclusive no processo de reconciliação nacional;
  9. Reestabelecer a zona industrial de Gaza como medida para o desenvolvimento do território extremamente empobrecido pelo bloqueio.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho
Com informações da agência Maan