Tribunais e redes populares exigem responsabilização de Israel

O protesto contra a impunidade dos sucessivos governos israelenses e a inação diante da repetição de massacres, despojo e expulsão dos palestinos levou redes populares a criarem suas alternativas para o julgamento dos responsáveis por crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Um exemplo é o Tribunal Russel, ativo desde a década de 1960, mas alternativas populares, como a rede recém-criada na Bolívia, têm tomado força, sobretudo no último período, com a ofensiva contra a Faixa de Gaza.

Palestina - REDH

Na Bolívia nasceu a Rede em Defesa da Humanidade (REDH), com a assinatura do presidente Evo Morales entre as primeiras de uma lista já extensa, com mais de 1.100 nomes. Evo fundou a rede quando declarou Israel um “Estado terrorista”.

“Manifestamos a nossa repulsa contra o genocídio do qual é vítima o povo palestino, nas mãos de um Estado fundado sobre o despojo e a ocupação colonial dos territórios palestinos”, afirma o documento divulgado pela rede nesta terça-feira (5).

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"Reconhecemos e expressamos a nossa solidariedade com a heroica luta do povo palestino e das suas organizações de resistência, especialmente em Gaza, contra a tentativa de Israel de exterminá-lo e tomar dele as migalhas que sobraram do que já foi a sua pátria.”

O manifesto da rede também condena a cumplicidade de membros da União Europeia e o papel da potência imperialista, os Estados Unidos, “que alimenta e apoia Israel política, financeira e militarmente, ante a insólita inação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, cujas resoluções sobre a questão palestina são violadas sistemática e impunemente por Washington”.

Leia a seguir a tradução do Portal Vermelho do documento e a lista de assinaturas até esta terça-feira (5).

A iniciativa soma-se à proliferação de ações populares em todo o planeta pelo fim do massacre dos palestinos, inclusive em países aliados de Israel, como os Estados Unidos e o Reino Unido, com protestos massivos, e também dentro do território israelense, onde a reunião de mil ou mais pessoas esteve proibida até esta semana, desde o início da operação “Margem Protetora”, anunciada em 8 de julho.

Outro exemplo é a criação de um tribunal popular na Itália para julgar o que a petição, assinada por centenas de acadêmicos, classificou de “lento genocídio” dos palestinos. O documento foi divulgado recentemente e colocará Israel no banco dos réus pela promoção de um regime racista de segregação e pelos crimes de guerra perpetrados contra os palestinos. Ao menos 525 italianos já assinaram a petição, majoritariamente acadêmicos.

Já o Tribunal Russel, que busca julgar crimes contra a humanidade e crimes de guerra, foi criado na década de 1960. Seu manifesto introduz: “Que este Tribunal consiga impedir o crime do silêncio”, frase dita por Bertrand Russel, prêmio Nobel da Literatura de 1950, quando lançou o tribunal para julgar os crimes cometidos durante a guerra no Vietnã. Sua proposta é agir como um tribunal simbólico do povo, ou “de consciência”, que tem realizado diversas sessões com relação à situação da Palestina.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho