Há 12 anos, FHC pedia o colo do FMI

Após ter feito dois empréstimos no Fundo Monetário Internacional (FMI), em 1998 e 2001, ultrapassando em 400% a cota do Brasil na instituição, mais uma vez, em agosto de 2012, governo FHC recorreu aos recursos do FMI; sob a chefia de Pedro Malan, então ministro da Fazenda, o Brasil assinou acordo de US$ 30 bilhões com o fundo.

Manchete da folha em 5/8/2002 - Reprodução

Nesse período corria solta a campanha eleitoral entre os candidatos Lula e o José Serra. Com a vitória de Lula, no ano seguinte, em abril, ele quitou com US$ 4,2 bilhões a antiga relação do País com o fundo. Nunca mais outro empréstimo foi pedido e o Brasil chegou a emprestar US$ 10 bilhões para o FMI fazer frente à crise mundial.

“Eles [PSDB] quebraram o Brasil três vezes, e por três vezes levaram o Brasil ao FMI. Nós fomos lá e pagamos o FMI”, disse a candidata Dila Roussef durante ato das Centrais, na quinta-feira (7). Agora, o governo Dilma Rousseff exibe reservas internacionais acima de US$ 379 bilhões.

Está fazendo aniversário de doze anos a última vez que o Brasil precisou recorrer ao Fundo Monetário Internacional. Na gestão do ministro Pedro Malan, na Fazenda, no governo Fernando Henrique, o País anunciou oficialmente que havia acabado de assinar um pacote de US$ 30 bilhões de empréstimo junto ao Fundo. Não fora a primeira vez naquela administração.

Em 11 de novembro de 1998, também com FHC-Malan, o Brasil fechou um acordo para poder sacar do Fundo a bagatela de US$ 20 bilhões nos três meses subsequentes à assinatura. Outros US$ 32 bilhões ficaram disponíveis para serem sacados no ano de 1999, em novo acordo assinado pelo Brasil. Marcado para ser encerrado em novembro de 2001, o contrato anterior com o FMI foi prorrogado pelo governo às vésperas de seu encerramento. Assim, o País tomou emprestado mais US$ 15 bilhões, pagando juros de 4,5% por 25% desse dinheiro e fortes 7,5% pelo restante.

Ainda assim, todos os empréstimos do Fundo se mostraram, para a equipe econômica do PSDB, insuficientes para garantir estabilidade econômica ao País. Em junho de 2002, por exemplo, houve um saque de US$ 10 bilhões junto ao Fundo, além de ser estabelecida uma redução de garantias de reservas a serem apresentadas pelo Brasil.

O mínimo de US$ 20 bilhões em caixa para tomar empréstimos foi reduzido para US$ 15 para facilitar novas operações. A dependência dos recursos do Fundo estava explícita.

Em agosto de 2002, uma última linha de crédito foi tomada, de US$ 30 bilhões, completando a terceira ida do País ao FMI na gestão tucana. A obtenção desse dinheiro, que não totalmente sacado, ficou apresentada como uma necessidade em razão da volatilidade ampliada pela disputa eleitoral daquele ano, entre Lula, do PT, e José Serra, do PSDB. Logo após a assinatura, o Brasil precisou fazer um saque de US$ 6 bilhões.

No governo Lula, logo em abril, o Brasil pagou US$ 4,2 bilhões ao FMI, adiantando a parcela de quitação dos recursos tomados no ano anterior. Depois desse movimento, o País não precisou recorrer novamente ao Fundo. Bem ao contrário. Em outubro de 2009, mais precisamente no dia 6, o ministro Mantega e o então diretor-gerente do Fundo, Dominique Strauss-Khan, anunciaram uma importante troca de posições.

Agora, era o Brasil que emprestava US$ 10 bilhões ao Fundo. Àquela altura, as reservas internacionais brasileiras já chegavam á casa dos US$ 220 bilhões. Em 2011, já no governo Dilma Rousseff, mais uma vez o Brasil foi procurado pelo Fundo para ficar de prontidão em relação à necessidade de um novo empréstimo. Outra vez, por solicitação do FMI.

Doze anos depois da última ida ao Fundo, o País tem uma posição considerada bastante sólida em termos de reservas internacionais. Com todas as obrigações pagas junto ao FMI, o Brasil conta, em 6 de agosto, com um total de US$ 379,44 bilhões de dólares. Uma soma que descarta quaisquer ilações sobre um possível pedido de ajuda para fechar contas, como acontecia às vésperas da derradeira ida ao Fundo.

Fonte: Brasil 247