Israel retoma ataques aéreos a Gaza exigindo o fim da resistência

O fim de uma “trégua” de três dias, na manhã desta sexta-feira (8), é marcado por mais ataques aéreos de Israel à Faixa de Gaza, com a morte de uma criança de 10 anos. Embora as tropas em terra e os tanques tenham sido retirados, os bombardeios foram retomados sob o pretexto de foguetes terem sido lançados – e interceptados – de Gaza a Israel. As negociações para um “cessar-fogo” prolongado fracassaram, já que o governo israelense propunha, fundamentalmente, a rendição dos palestinos.

Gaza - AFP

Além de Ibrahim Zuheir al-Dawawseh, de 10 anos de idade, ter sido morto, outras cinco pessoas ficaram feridas após o bombardeio de uma mesquita no bairro de Sheikh al-Radwan, na Cidade de Gaza, informa a agência palestina de notícias Maan.

Outras seis pessoas foram feridas por ataques aéreos na mesma cidade e também no norte de Gaza, em Rafah (fronteira com o Egito) e Jabalia, onde fica o maior campo de refugiados, com mais de 200 mil habitantes. De acordo com a Maan, a Marinha israelense que cerca o litoral de Gaza também disparou contra o norte do território.

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As conversações entre delegações palestinas e israelenses no Cairo, Egito, ficaram em um impasse devido às condições impostas por Israel, com a exigência de desarmamento da resistência palestina – ou a "desmilitarização" de Gaza, segundo diplomatas egípcios citados pela Maan – e o rechaço a reivindicações como o fim do cerco de oito anos à Faixa de Gaza.

Os palestinos exigem a mudança fundamental da situação, uma vez que são alvos de ofensivas cíclicas, da ocupação generalizada, do grave empobrecimento consequente do bloqueio completo e de políticas baseadas em práticas que culminam em graves violações do direito internacional.

Nos cinco últimos anos, Gaza foi atacada três vezes por “operações militares” oficiais – assim como por bombardeios aéreos pontuais também fatais – que mataram mais de 3,5 mil pessoas, majoritariamente civis e centenas de crianças, com uma devastação disseminada da infraestrutura essencial e de milhares de lares.

Apenas no governo do atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, duas ofensivas foram lançadas contra o território sitiado em menos de dois anos. Por isso, o Hamas, partido à frente do governo, mas arbitrariamente deslegitimado por Israel enquanto “organização terrorista”, recusava mais um acordo que retornasse a situação ao mesmo ponto.

Em entrevista ao Vermelho nesta quinta-feira (7), entretanto, o colunista israelense Gideon Levy, do jornal Haaretz, avaliou que esse é exatamente o objetivo do governo israelense, que goza de mais aprovação pública, em essência, e também pleno apoio na política de ocupação e até na retomada da ofensiva contra Gaza, apesar da denúncia global sobre os crimes de guerra perpetrados contra os palestinos.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho