Obama autoriza operação militar no Iraque alegando avanço terrorista

“Hoje, autorizei duas operações no Iraque,” disse o presidente dos Estados Unidos Barack Obama, em coletiva de imprensa, na noite desta quinta-feira (7). Já era esperado que o seu governo – que havia prometido o fim da guerra contra o Iraque iniciada pela invasão de 2003, ordenada pelo governo George W. Bush – respondesse à grave turbulência na região, com a atuação de grupos extremistas e do terrorismo disseminado, para atuar militar e diretamente no cenário que o próprio imperialismo forjou.

Back Obama - Casa Branca / Vídeo

Entre as “operações” que Obama anunciou ter autorizado, em um vídeo transmitido pela televisão nacional, estão “ataques aéreos específicos para proteger os funcionários [militares] americanos e um esforço humanitário para ajudar a salvar milhares de civis iraquianos.” Mais uma vez, o princípio “humanitário”.

O presidente recordou já ter advertido à imprensa, em junho, que devido ao avanço das forças do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), que tem atuado com brutalidade pela região, “os Estados Unidos estariam preparados para tomar ações militares no Iraque, se e quando determinássemos que a situação o exigisse.”

Assim, quando as milícias do EIIL aproximaram-se da cidade de Erbil, capital do Curdistão iraquiano (no norte do país), deixando um rastro de corpos pelo caminho, os EUA “determinaram” que era necessário agir, pois ali estão diplomatas e militares estadunidenses. Além disso, Obama adverte que a decisão se repetirá caso os “comboios terroristas” do EIIL se aproximem de outras regiões onde estejam seus militares.

Ao analisar a decisão em artigo para o jornal The New York Times, Peter Baker ressalta que Obama é o quarto presidente estadunidense consecutivo a ordenar ação militar neste “cemitério da ambição americana”, embora o mandato que ele garantiu às tropas no Iraque seja bastante reduzido em comparação com os garantidos por seus antecessores.

“Eu sei que muitos de vocês estão corretamente preocupados sobre qualquer ação militar americana no Iraque, mesmo que sejam ataques limitados como estes. Entendo isso. Concorri a este governo em parte para encerrar a nossa guerra no Iraque e receber nossas tropas de volta em casa, e foi isso o que fizemos. Como comandante-em-chefe, não vou permitir que os Estados Unidos sejam arrastados novamente para combater em outra guerra no Iraque,” disse Obama.

Em junho, o presidente ordenou o envio de 300 soldados das forças especiais para “avaliar” a situação no Iraque, missão ainda não concluída, ao mesmo tempo em que evitou as demandas, inclusive dentro do seu governo, para o envio emergencial de poder aéreo para atacar as milícias do EIIL.

A decisão anunciada na quinta, entretanto, leva de volta ao Iraque o fantasma da intervenção militar estadunidense, que deixou sequelas profundas após oito anos de presença – de 2003 a 2011 – e aprofunda a ameaça de disjunção do cenário político já abalado. Além do combate ao terrorismo disseminado, a ingerência estadunidense nos resultados da composição de um novo governo, após eleições recentes, também foram desafios impostos ao país.

O governo de Obama vinha pressionando pela substituição do premiê Nouri al-Maliki, que não corresponde à agenda estadunidense para a região.

Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações do New York Times e do portal Al-Akhbar