"Esquerda latino-americana chegou para ficar", diz dirigente cubana

“A esquerda chegou ao poder na América Latina para ficar”, afirmou Idalmis Brooks, secretária de Relações Internacionais do Partido Comunista de Cuba, em sua intervenção no 20º Foro de São Paulo, em La Paz, na Bolívia. Na Escola de Formação Política, era o tema “A crise do capitalismo e perspectivas do socialismo”. Idalmes disse que para sustentar os avanços, os governos progressistas ainda terão que enfrentar a contraofensiva imperialista.

Por Théa Rodrigues, de La Paz para Portal Vermelho

Idalmis Brooks, secretária de Relações Internacionais do PCCuba - Théa Rodrigues/Portal Vermelho

A comunista afirmou que a “contraofensiva estratégica vai além da crise do capitalismo”. Idalmis alertou para o fato de que “não se trata apenas dos Estados Unidos, são os Estados Unidos aliados com as direitas locais”.

“Devemos estar orgulhosos das mudanças, mas atentos aos riscos. Há uma montagem muito clara de ofensiva e satanização dos movimentos e projetos de esquerda, no mundo todo”, destacou a dirigente cubana.

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Idalmis recordou o que aconteceu em Honduras, no Paraguai e o que está acontecendo na Venezuela, onde há uma tentativa permanente de desestabilização do governo de Nicolás Maduro. “Pensaram que sem a presença física de Hugo Chávez não haveria continuidade para a Revolução Bolivariana”, disse.

Em 2009, o presidente Manuel Zelaya, de Honduras, sofreu um golpe de Estado. Da mesma forma, em 2012, o presidente paraguaio Fernando Lugo foi deposto. Em ambos os casos, assumiram representantes da direita, aliados aos interesses norte-americanos. Desde o ano passado, o presidente venezuelano vem denunciando as inúmeras tentativas de golpe no país: desestabilização; crise econômica provocada por desabastecimento proposital; crise energética com biocotes à rede elétrica; incitação da violência em manifestações, entre outros.

“As novas gerações precisam saber que viemos de uma tradição de luta. É preciso adverti-los de que o modelo norte-americano de vida se vende muito bem”, afirmou Idalmis. Segundo ela, ações como a Escola de Formação do Foro são importantes para formar as novas gerações, “que têm que conhecer nossas histórias políticas, nossas lutas e conquistas, pois os líderes atuais passam, mas o processo revolucionário tem que permanecer. O que está se iniciando aqui não termina na Bolívia”, ponderou.

Crise do capitalismo

A cubana explicou que “os movimentos progressistas na América Latina tiveram lugar em meio a uma crise econômica com agendas para solucionar os problemas dos mais desprotegidos, mas mesmo assim a crise internacional os afeta”.

Para Idalmis, a crise do capitalismo causa violência, instabilidade, descontentamento e insegurança em muitos países do planeta. Ela afirma que há um reordenamento do mapa mundial propício aos interesses das grandes potências desde o início da recessão global.

Em seu ponto de vista, além do impacto econômico, essas mudanças levaram a conformidade social e conflitos em regiões como o Oriente Médio.

Integração regional

Idalmes disse que Cuba promove a ideia de que os processos de integração na América Latina e no Caribe devem ser baseados na unidade, na diversidade e no respeito mútuo. “Somos diversos, por isso temos que nos unir, mas com as características de cada um, com a história e as tradições de cada um”, disse a dirigente cubana.

Nesse sentido, fez uma alusão aos projetos com visões comuns e “Bem Viver” no Equador, o “Viver Bem” na Bolívia e “Um mundo melhor é possível” em Cuba, que visam a convivência sustentável e harmoniosa do homem e da natureza.

"É uma das bandeiras que Cuba sempre defendeu, somos pessoas diferentes, com objetivos semelhantes e vamos defender esses princípios em todas as áreas", disse ela.

Cuba socialista

Ao finalizar sua fala no Foro de São Paulo, Idalmis Brooks afirmou que “Cuba é e sempre será socialista”. Ela defendeu ainda a viabilidade do socialismo para combater a atual crise do capitalismo.