Organização de Cooperação de Xangai deverá ganhar novos membros

A Organização de Cooperação de Xangai (OCX) irá admitir novos países-membros. As respectivas alterações jurídicas serão aprovadas em uma cúpula que se inicia nesta quinta-feira (11) na capital do Tadjiquistão, Duchambé.

Por Igor Siletsky, na Voz da Rússia

OCX - Rússia e China

Isto permitirá admitir os dois países candidatos – a Índia e o Paquistão. Ao mesmo tempo, os líderes da OCX irão prestar uma atenção especial a questões da colaboração militar. Em opinião de peritos, a organização está em vias de expansão e se transforma em um autêntico contrapeso à Otan.

Hoje em dia, a OCX integra seis Estados – a Rússia, a China, o Cazaquistão, o Quirguistão, o Tadjiquistão e o Uzbequistão. Entre os pretendentes à admissão figuram a Índia, o Paquistão e o Irã. A Índia e o Paquistão poderão passar da categoria de observadores e se tornar membros de pleno direito já no próximo ano, em uma reunião a realizar em Ufá, Rússia. Quanto ao Irã, a situação com esse país é mais complicada por Teerã continuar sendo sancionado pela ONU.

Depois da cúpula em Duchambé, a Rússia irá ocupar a mesa da presidência. Neste contexto, na capital daquela ex-república soviética será divulgado um apelo do presidente russo, contendo os objetivos prioritários a atingir no período da presidência russa. Como se sabe, na lista das prioridades se destacam a adoção da estratégia de desenvolvimento da OCX até ao ano 2025 e a criação de um centro de combate aos desafios à segurança nacional.

A Rússia tem de reagir e procurar atender aos desafios contemporâneos, frisou há dias o presidente Vladimir Putin: “No mundo, vão surgindo novas ameaças. Foi tomada a decisão sobre o aumento da presença militar da Otan no leste da Europa. A crise ucraniana, provocada por alguns parceiros ocidentais da Rússia, se utiliza para reanimar esse bloco militar. Iremos levar em conta estes fatores no processo decisório relativo à nossa segurança”.

Uma das decisões se refere ao estatuto da OCX. O alargamento da organização fará aumentar a sua influência, afirma o diretor do Centro de Pesquisas da Ásia Oriental, Alexander Lukin: “Isto irá mudar a OCX como tal. Até hoje, nela há dois países de grande porte – a Rússia e a China. A Índia, por sua dimensão e população, também é um país com um “peso” enorme. A admissão da Índia e do Paquistão poderá fazer com que a OCX possa vir a ser uma das organizações mais influentes no mundo. Suas decisões terão um impacto semelhante às tomadas pelo Ocidente”.

Os líderes da OCX debaterão ainda uma proposta de Moscou sobre a transformação da atual estrutura antiterrorista regional num centro de combate aos desafios modernos.

Assim, tudo indica que o alargamento e o desenvolvimento da componente militar poderão levar a mudanças dos seus princípios doutrinais, considera o perito militar Alexei Fefenko: “A Rússia vai encarando a OCX sob um prisma diferente. Antigamente, Moscou tentava dar a entender que a OCX era uma organização puramente regional não virada contra os interesses dos EUA e da Otan. Hoje, em virtude dos acontecimentos na Ucrânia, Moscou deixa claro que a OCX constitui um contrapeso à Otan e aos EUA. Assim sendo, a Rússia se torna menos tolerante em relação à presença norte-americana na Ásia Central, ao contrário do que acontecia há 7, 8 anos”.

Segundo escreve o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, a delegação russa irá se pronunciar pela tomada de medidas coordenadas nas esferas econômica, financeira, energética e de segurança alimentar. Entre outras, está em discussão a hipótese de pagamentos mútuos em moedas nacionais, bem como de projetos multilaterais nas áreas de transportes e comunicações, energia, agropecuária e até espacial. Para o efeito, no âmbito da OCX já foram instituídos o Conselho de Negócios, o Centro de Cooperação Interbancária e o Clube Energético.

A agenda do presidente Putin prevê um encontro em privado com o seu homólogo chinês, Xi Jinping e conversações tripartidas com os dirigentes da China e Mongólia. Além disso, estão agendadas reuniões do líder russo com o presidente uzbeque, Islam Karimov, com o anfitrião da cúpula, Emomali Rakhmonov, com o seu colega cazaque, Nursultan Nazarbaev e com o presidente iraniano, Hassan Rohani.

A cúpula deverá terminar com a celebração da Declaração de Duchambé, contendo a avaliação dos acontecimentos na Ucrânia. Mas essa questão será discutida em uma reunião à porta fechada. Os líderes da OCX se declaram pelo restabelecimento da paz e o prosseguimento do processo negocial na Ucrânia.

*Articulista da emissora de rádio pública Voz da Rússia