Secretário da Fazenda rebate gurus econômicos de Marina e Aécio

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, rebateu às críticas ao governo de Dilma Rousseff, feitas por Samuel Pessoa, ligado ao tucano Aécio Neves, e Marco Bonomo, um dos gurus econômicos de Marina Silva (PSB), durante o seminário “Cenários pós-crise”, que aconteceu nesta segunda (22), no Rio de Janeiro.

Márcio Holland

Holland recomendou aos oponentes “atualizar leitura” e enfatizou: “O Brasil mostrou este ano que tem bons fundamentos. Adquirimos uma capacidade de crescimento melhor do que tínhamos no passado, crescemos 2,8% em média anual em período de crise. O país é um dos cinco que mais atraem investimentos. O mercado de trabalho está próximo do pleno emprego e a dívida bruta tem se mantido estável”.

Holland destacou ainda que não há represamento de preços com intuito de segurar a inflação. Ele lembrou que a energia elétrica, por exemplo, aumentou cerca de 13,5% desde janeiro e que também há altas nas taxas dos correios, lotéricas e produtos farmacêuticos. “Os [preços] monitorados acumulam alta de 5% nos últimos 12 meses", disse o secretário, levando em conta o Índice de Preços ao Consumidor Amplo do dia 15, o IPCA-15.

Tucano critica investimentos sociais

O economista tucano Samuel Pessoa disse que a culpa do “baixo crescimento” não é da crise internacional, mas do que chamou de “contrato social da redemocratização” que, segundo ele, se reflete nos “elevados gastos sociais”. Ele defendeu ao autonomia do Banco Central como mecanismo eficiente, pois o atual governo adota “políticas heterodoxas para forçar o BC a baixar os juros na marra”.

Bonomo, por sua vez, endossou a proposta de autonomia do BC, para que “pressões políticas não atrapalhem sua missão”.

Em campanha à reeleição, a candidata Dilma Rousseff tem criticado a proposta de Banco Central autônomo, pois assim o sistema financeiro definiria as taxas de juros, em detrimento dos interesses nacionais.

Holland recomenda atualizar leitura

Em suas considerações finais, Holland voltou a bater: “Acho que você deve atualizar a leitura sobre pós-crise, Samuel. Samuel ainda acredita em Friedman [Milton, um teórico do liberalismo econômico]. Ele ganhou o Nobel de Economia nos anos 60, mas de lá para cá a economia já modernizou. Eu recomendo a você o estudo do FMI que diz que mais da metade da desaceleração da economia se deve a fatores externos”, argumentou o subsecretário.

Holland acusou Bonomo de “inventar conceito”. “Dá uma olhada nos dados. Você começa a inventar conceito. Toma cuidado quando inventar conceito. Que país é esse, Bonomo? Eu usei dados. Eu não usei teoria abstrata”.

Infraestrutura

O secretário defendeu que a agenda de investimentos em infraestrutura seja um dos principais vetores usados pelos próximos governos para estimular o crescimento econômico.

“Esse drive de competitividade se distribui por várias facetas. Atrai investidores estrangeiros, representa investimentos atrativos e lucrativos, resolve gargalos em geral, reduz custos de transação, e, com isso, vamos prestando serviços melhores e reduzindo o impacto sobre o orçamento porque se cria concessões”, disse Holland. Ele defendeu que essa seja uma agenda sem volta que não pode encontrar empecilhos. O programa de concessões de infraestrutura, segundo o secretário, deve gerar investimentos de R$ 100 bilhões por ano.

Sobre o cenário externo, Holland acredita em uma melhora, sem voltar aos patamares anteriores à crise internacional de 2008. O secretário disse que o país mostrou ter uma economia resistente e bons fundamentos por ter atravessado o período com consequências menos graves do que as verificadas no exterior.

Para ele, o país está perto de vencer a “guerra fiscal” entre estados, devido a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Márcio Holland ponderou que 70% das desonerações concedidas pelo governo, nos últimos anos, tiveram o objetivo de diminuir os custos de investimento e de produção.

Com informações da Agência Brasil