Na ONU, Dilma pede maior participação dos países em desenvolvimento 

A presidenta Dilma Rousseff abriu a 69ª Sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na manhã desta quarta-feira (24), em Nova York, e destacou as ações promovidas pelo governo brasileiro nos últimos anos como na redução da desigualdade, na retirada do país do Mapa da Fome pela FAO, entre outros avanços. Dilma abriu o discurso celebrando a democracia brasileira e informou ainda que o Brasil está às vésperas das eleições.

Seguindo a tradição de o primeiro orador na Assembleia Geral ser um brasileiro, a presidenta Dilma Rousseff fez o discurso de abertura esclarecendo a importância das eleições de outubro no Brasil e que “essas eleições são a celebração de uma democracia que conquistamos há quase 30 anos, depois de duas décadas de governos ditatoriais”.

A presidenta apontou que nos últimos 12 anos, os governos progressistas têm construído “uma sociedade mais inclusiva baseada na igualdade de oportunidades”. Dilma disse ainda que a “grande transformação em que estamos empenhados produziu uma economia moderna e uma sociedade mais igualitária. Exigiu, ao mesmo tempo, forte participação popular, respeito aos direitos humanos e uma visão sustentável de nosso desenvolvimento. Exigiu, finalmente, uma ação na cena global marcada pelo multilateralismo, pelo respeito ao Direito Internacional, pela busca da paz e pela prática da solidariedade”.

Recentemente, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) informou que o Brasil saiu do Mapa da Fome. “Essa mudança foi resultado de uma política econômica que criou 21 milhões empregos, valorizou o salário básico, aumentando em 71% seu poder de compra. Com isso, reduziu a desigualdade. Trinta e seis milhões de brasileiros deixaram a miséria desde 2003; 22 milhões somente em meu governo. Para esse resultado contribuíram também políticas sociais e de transferência de renda reunidas no Plano Brasil Sem Miséria”, acrescentou a presidenta.

Crise internacional

Dilma destacou ainda as superações do Brasil diante da crise do sistema financeiro internacional, iniciada após a quebra do Lehman Brothers e, em seguida, transformada em muitos países em crise de dívidas gigantescas. “Resistimos às suas piores consequências: o desemprego, a redução de salários, a perda de direitos sociais e a paralisia do investimento. Continuamos a distribuir renda, estimulando o crescimento e o emprego, mantendo investimentos em infraestrutura. O Brasil saltou da 13ª para 7ª maior economia do mundo e a renda per capita mais que triplicou. A desigualdade caiu”, comemorou.

Segundo a presidenta do Brasil, ”é indispensável e urgente retomar o dinamismo da economia global. Ela deve funcionar como instrumento de indução do investimento, do comércio internacional e da diminuição das desigualdades entre países”.

A presidenta voltou a criticar a participação dos países em desenvolvimento nos encontros decisórios da economia mundial. “É imperioso pôr fim ao descompasso entre a crescente importância dos países em desenvolvimento na economia mundial e sua insuficiente participação nos processos decisórios das instituições financeiras internacionais, como o FMI e o Banco Mundial. É inaceitável a demora na ampliação do poder de voto dos países em desenvolvimento nessas instituições. O risco que estas instituições correm é perder sua legitimidade e eficiência”, declarou.

Brics

A presidenta falou da grande satisfação de receber no Brasil a 6º Cúpula dos Brics. “Recebemos os líderes da China, da Índia, da Rússia e da África do Sul num encontro fraterno, proveitoso que aponta para importantes perspectivas para o futuro. Assinamos os acordos de constituição do Novo Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas. O Banco atenderá às necessidades de financiamento de infraestrutura dos Brics e dos países em desenvolvimento”, informou Dilma.

Contra o uso da força

“O uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos. Isso está claro na persistência da Questão Palestina; no massacre sistemático do povo sírio; na trágica desestruturação nacional do Iraque; na grave insegurança na Líbia; nos conflitos no Sahel e nos embates na Ucrânia. A cada intervenção militar não caminhamos para a paz, mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos.”

Assista abaixo a íntegra do discurso da presidenta na ONU:

Da redação do Portal Vermelho