Observatório de Torre Alta da Amazônia será mostrado em Brasília 

O projeto Observatório de Torre Alta da Amazônia (Atto, na sigla em inglês), será tema de um seminário na 11ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Brasília, na próxima quarta-feira (15), às 10 horas. Em construção, prevista para ser entregue ainda em 2014, a torre de 325 metros se localiza na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, no município de São Sebastião do Uatumã, no estado do Amazonas (AM).

Observatório de Torre Alta da Amazônia será mostrado em Brasília

O projeto tem objetivo de monitorar e estudar o clima da região, por cerca de 20 a 30 anos, a partir da coleta de dados sobre os processos de troca e transporte de gases entre a floresta e a atmosfera.

O observatório deve medir com precisão fluxos de água, dióxido de carbono (CO²) e calor, a fim de analisar o impacto do ciclo de absorção e liberação de substâncias em um raio de 300 quilômetros. Quatro torres de 80 metros auxiliam a estrutura principal.

A apresentação do Atto começa com a exibição de um vídeo. Em seguida, estão previstas palestras do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Antonio Manzi, coordenador brasileiro do projeto; do diretor da San Soluções – empresa paranaense responsável pela construção da torre –, Sérgio Nascimento; e do adido científico da Embaixada da Alemanha, Thomas Schröder, que representam as entidades que desenvolvem o projeto.

Desafios e benefícios

Sérgio Nascimento relata os desafios tecnológicos logísticos de uma obra dessa magnitude na região amazônica. "Em média as estruturas que fazemos estão entre 50 e 150 metros e nós vamos entregar no final do ano uma estrutura de 325 metros no meio da floresta amazônica. Mas para isso tivemos que vencer uma logística impressionante, pois tivemos que trazer as peças da torre por estrada e por rio até a Reserva do Uatumã. Fora isso, tivemos também as dificuldades de transporte dentro da reserva, pois a estrada estava intrafegável por conta da chuva", conta.

Para o diretor do Inpa, Luiz Renato de França, os benefícios das pesquisas geradas não serão apenas regionais, mas também globais. "Só podemos melhorar uma região a partir do conhecimento que temos dela. Esta torre irá gerar dados que permitirão um conhecimento maior sobre Amazônia, e logo os benefícios chegarão para a população. Mas esses ganhos transcendem a Amazônia, pois, com as pesquisas relacionadas com as mudanças climáticas globais, o mundo todo se beneficiará das informações adquiridas", disse o diretor.

O coordenador da parte brasileira, o pesquisador do Inpa Antonio Manzi, conta que a ideia inicial da construção veio do Instituto Max Planck, que já construiu uma torre de monitoramento na Sibéria, com 300 metros. Mas, segundo ele, o Brasil propôs ampliação das áreas de pesquisas de ponta, como na área de química da atmosfera (para medir trocas gasosas, aerossóis e reações químicas), na área de física de nuvens (formação de chuvas) e na área de processos de transporte de energia e matéria (entre a floresta e a atmosfera).

"Outra linha de pesquisa que conseguimos inserir, com a utilização da torre Atto, foi a de observação direta da dinâmica dos ecossistemas de floresta de terra firme. Pretendemos, em longo prazo, medir os efeitos das mudanças climáticas globais na região amazônica, por meio das medições das interações entre a atmosfera e a biosfera. Com isso, a torre se tornará referência mundial em pesquisas sobre florestas tropicais úmidas", comentou.

Ainda de acordo com o pesquisador, quatro torres de 80 metros serão construídas ao redor da torre Atto para auxiliar a medição dos seus dados. "Estamos contando que a torre funcione sem parar durante uns 20, 30 anos", informa Manzi.

O investimento da cooperação científica entre Brasil e Alemanha foi de R$ 7,5 milhões para a construção da torre Atto, que faz parte do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), do Inpa. A previsão é que seja entregue no fim de novembro.

Da Redação em Brasília
Com informações do MCTI