Renato: Está em jogo o futuro do Brasil, o avanço ou o retrocesso

Reunida nesta sexta-feira (10) na sede do Comitê Central, na capital paulista, a Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) faz uma análise da batalha eleitoral no primeiro turno encerrada no último domingo (5) e se prepara para o embate político e suas estratégias para o segundo turno das eleições que ocorrerão em 27 de outubro. Na ocasião, o presidente nacional do Partido, Renato Rabelo, fez uma intervenção da qual segue a íntegra abaixo:

Está em jogo o futuro do Brasil: Dilma é o avanço e Aécio, o retrocesso!

O primeiro turno da eleição presidencial transcorreu num grande enfrentamento entre dois projetos, duas visões opostas sobre o Brasil e sua inserção no mundo. O seu transcurso foi marcado por reviravoltas, por etapas de recomeços da própria campanha.

A vencedora da primeira volta foi a presidenta Dilma Rousseff com uma diferença de mais de oito milhões de votos. A candidatura de Aécio Neves representou e representa a opção de maior confiança das forças conservadoras, liberais e financeiras. Constitui a principal corrente estruturada da oposição. Na sanha da disputa pelas forças conservadoras, aproveitando-se das circunstâncias, Marina Silva serviu também a eles, apresentada então como pretensa terceira via, fantasiada de nova política, comprometendo-se inteiramente com as exigências do bloco liberal financeiro. Em pouco tempo de embate, entretanto, desmascarou-se completamente a candidatura de Marina Silva. Finalmente, as forças conservadoras voltaram ao seu candidato – Aécio Neves – de sua inteira confiança, reacionário, entreguista e antissocial na vida política brasileira.

A presidenta Dilma liderou corajoso e avançado debate político programático contra seus opositores, defendendo as conquistas e indicando um novo governo com ideias novas, formando uma maioria favorável à realização do aprofundamento das mudanças e pelas reformas estruturais democráticas, passo inevitável que o Brasil deve dar para ir adiante.

A presidenta Dilma esteve à frente em todo o primeiro turno, alcançou a maioria. Contudo tal situação não garante uma vitória continuada no segundo turno. É preciso notar que o declínio de Marina e a subida de Aécio – nos últimos dias da campanha – agregaram todas as forças conservadoras, reacionárias, revanchistas, fazendo crescer uma onda que projetou a candidatura de Aécio. Desta forma atingiu, sobretudo em alguns estados, a votação e o número de deputados federais dos partidos da base, principalmente o PT e o PCdoB, que diminuíram suas bancadas.

O crescimento de Aécio no final do primeiro turno açulou as principais lideranças conservadoras, os grandes grupos da mídia passaram mais ostensivamente a se pronunciar e defender a candidatura de Aécio, como o Estadão, O Globo e Folha de S. Paulo. Assim, estamos diante do curso de uma grande escalada reacionária para derrotar a presidenta Dilma nessa última quadra da campanha presidencial. Encontramo-nos em face de uma ofensiva de grande proporção, porquanto as forças conservadoras, demonstrando grande poder, apressam a divulgação espalhafatosa e planejada, inclusive de áudios escolhidos conforme seus interesses, resultante da delação premiada, sem nenhuma prova, constando de afirmações genéricas para denunciar a direção do PT e outros integrantes da base do governo. (“A justiça em Campanha” junto com os grandes grupos de mídia. Blog Conversa Afiada/ Paulo Henrique Amorim). A delação premiada é oficialmente feita sob sigilo, que nem a presidenta da República e o ministro da Justiça têm acesso. Mas, num conluio entre setores da justiça, Ministério Público e a grande mídia, eles dispõem de pleno poder para revelar o que está em sigilo, direcionando ao alvo que pretendem. Numa ostensiva ação política, fabricando escândalos exatamente no momento da decisão eleitoral final.

Portanto é a batalha final, decisiva, na qual está em jogo o futuro do Brasil, como temos assinalado: ir adiante ou voltar atrás. Tudo indica que a contenda do segundo turno se desenha como uma polarização dura e complexa. Os dois lados buscarão juntar o máximo de forças para vencer.

O papel do PCdoB nesse momento é de alerta total e ação permanente para a luta, que tem um sentido estratégico. É imensa a nossa responsabilidade. Nosso Partido se movimentará para estender a base de apoio à nossa candidata e, com os aliados, empreender persistentes esforços buscando uma frente ainda maior de votos para Dilma. Nenhum quadro ou militante faltará ao chamamento dessa batalha decisiva, como sempre tem sido.

É nesse contexto que quero situar o papel e a importância da grande vitória alcançada pelo Partido no Maranhão. No Maranhão a presidenta Dilma conseguiu quase 70% dos votos. Como pontuou a nota da Direção Estadual do PCdoB no Maranhão: “As votações consagradoras de Flávio Dino para o governo e Dilma para a presidência no primeiro turno do Maranhão confirmam que essa é a aliança que o povo escolheu para empreender as mudanças que o nosso estado tanto precisa”. E temos ressaltado o grande mérito de Flávio Dino, na liderança da campanha, pelo seu discernimento e abnegação, enfrentado constantemente grandes riscos, baixarias e desatinos do clã dominante.

A frente realizada no Maranhão tornou-se vitoriosa com a eleição de Flavio Dino no primeiro turno. Flavio e Dilma foram os mais votados nesse estado. Daqui em diante a única eleição que transcorrerá no Maranhão, até o dia 26, é a eleição nacional, polarizada em torno de dois projetos antagônicos, representados por Aécio e Dilma, neste último, do qual o PCdoB joga toda sua força porque está em jogo o destino do país. Nesse sentido e pela conquista emblemática para o PCdoB, sendo o ápice do nosso projeto a conquista do Maranhão, se destaca o papel de Flavio Dino, como liderança maior desse estado.

Os resultados do embate eleitoral para o PCdoB

Já salientamos como um grande feito do povo e do PCdoB do Maranhão a eleição de Flávio Dino para governador. Pela primeira vez na história do país, o PCdoB elege o primeiro governador de Estado. Esta conquista tem grandeza, ainda mais pelo fato de a vitória de Flávio Dino significar a derrota do mais antigo ciclo político oligárquico reinante no país.

Em nota da Presidência do PCdoB, já nos manifestamos inicialmente acerca do nosso desempenho nas urnas no primeiro turno. Devemos proceder no momento oportuno, posterior ao segundo turno, ao balanço do nosso desempenho eleitoral. Mas, como tínhamos assinalado, para a Câmara Federal houve um refluxo na votação do Partido. Em 2010, elegemos 15 deputados federais e, agora, conquistamos 10 cadeiras. Destas, 40% de quadros jovens e que ocupam pela primeira vez um mandato na Câmara dos Deputados. Para esta o Partido fez um total de 1.913.015 votos, equivalentes a 1,98% da votação total. Tivemos uma queda 30,3% comparado com a eleição de 2010, quando alcançamos 2.747.983 votos, equivalentes a 2,85% da votação total.

Antes de tudo podemos constatar que as forças conservadoras realizaram pesado ataque aos partidos da base de sustentação do governo e da campanha da presidenta Dilma. Esse ataque se concentrou, em especial, contra as legendas de esquerda, principalmente o PT, e também nosso Partido – comparativamente a 2010 –, tiveram suas bancadas diminuídas. O refluxo de nossa votação se deu no âmbito do recuo do número das cadeiras conquistadas pelas legendas da base aliada do governo. O balanço inicial já demonstra o crescimento das forças conservadoras na ocupação das cadeiras na Câmara dos Deputados. Outro fator a ser examinado é o da fragmentação: seis novas legendas neste pleito conseguiram representação na Câmara dos Deputados.

Nesse mesmo contexto, devemos examinar a redução de nossa representação no Senado Federal. Tentamos manter duas cadeiras, com a candidatura da deputada federal Perpétua Almeida ao Senado pelo estado do Acre, mas a despeito da boa votação obtida, ela não se elegeu. Numa disputa muito desigual quando o opositor se utilizou de vultosa soma de recursos. Registre-se também que conseguimos a primeira suplência ao Senado no Rio de Janeiro, na vitória de Romário ao Senado.

Para as assembleias legislativas estaduais tivemos um bom resultado, aumentando de 18 para 25 cadeiras. Alcançamos 2.754.206 votos, equivalentes a 2,8% da votação total para as Assembleias Estaduais. Um crescimento de 16% comparado com as eleições de 2010. Este crescimento sinaliza que o Partido se enraíza mais nos estados e que ele tanto forma quanto acolhe mais lideranças de distintos segmentos sociais.

Agora vamos nos voltar inteiramente e nos dedicar à batalha final do segundo turno. Está em jogo o futuro de anos e décadas do Brasil. É uma batalha de sentido estratégico para o caminho traçado pelo Programa do PCdoB.

*Presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)