FSM condena uso do Ebola como ferramenta de políticas imperialistas

A Federação Sindical Mundial (FSM) divulgou nota em que condena publicamente o uso da crise do Ebola como plataforma para justificativa de novas incursões militares na África. A organização classificou como imperialista a atitude do Reino Unido e dos Estados Unidos de enviar mais tropas ao continente durante o momento de crise, e elogiou a iniciativa do governo cubano ao enviar 4.000 médicos para auxiliar no combate ao vírus, que já atinge 32 países.

Ebola - Reprodução

A nota diz ainda sobre a necessidade de fortes programas de pesquisa pública da saúde em todo o mundo, indicando-os como oposição aos interesses comerciais da indústria farmacêutica sobre as pandemias.

Leia a manifestação na íntegra:

"Mortes causadas pelo vírus Ebola facilitada pelo imperialismo

Apenas sistemas de saúde pública e gratuita com foco na prevenção podem dar uma resposta adequada. 

A epidemia de Ebola que atingiu principalmente Libéria, Serra Leoa e Guiné na África Ocidental ameaça o mundo inteiro, já matou milhares de pessoas e causou pânico a milhões de outros.
Como funcionários de alto nível da Organização Mundial de Saúde confessaram, a epidemia tem se expandido fortemente nas últimas semanas e 70% das pessoas afetadas morrem por causa da falta de instalações adequadas de saúde.

Esta epidemia traz na linha da frente de forma trágica as feridas crônicas e profundas do Continente Africano, causadas pelo colonialismo, pela pilhagem contínua dos recursos e da riqueza e pela alta dívida pública que mantêm os estados africanos e suas economias escravas do FMI, do Banco Mundial e dos monopólios de cartéis.

Enfrentamos problemas cruciais que, em condições extraordinárias como as de hoje, podem criar uma atmosfera explosiva. A pobreza, a desnutrição, a falta de infraestrutura de cuidados básicos de saúde e bem-estar social, o acesso limitado a um sistema de Educação Pública e gratuito capaz de erradicar o analfabetismo, os preconceitos e as superstições. As favelas que continuam existindo são uma desgraça para a humanidade e um perigo para a saúde pública, a militarização e a violência de estado são um mecanismo de resposta dos governos em pânico.

A Federação Sindical Mundial expressa a sua indignação com a situação atual nas unidades de saúde existentes nos países acima referidos, os profissionais de saúde oferecem seus serviços, arriscando suas próprias vidas sem quaisquer medidas de segurança (luvas, máscaras). Como resultado, as mortes entre o pessoal médico subiram a níveis extremos.

A FSM e seus sindicatos membros em todo o mundo denunciaram, no passado, com dois dias de ação internacionais, o papel das multinacionais farmacêuticas que lucram com o sofrimento do povo.

Cortes nos orçamentos das instituições públicas no campo da pesquisa e na produção farmacêutica e de cuidados de saúde nos EUA e na União Europeia estão agravando os problemas e favorecem a privatização desses campos e a expansão do controle dos monopólios sobre a indústria e contra a satisfação das necessidades do povo.

Fica muito claro no caso do vírus Ebola que enquanto a pesquisa, a produção e a saúde seguem regidos pelas leis da concorrência monopolista e do lucro, as pessoas vão seguir sofrendo de doenças que deveriam ter sido há muito tempo extintas ou adequadamente controladas.

Além disso, em completo contraste com a política imperialista dos EUA e da Grã-Bretanha, que no meio da crise aproveitaram a oportunidade para enviar novas tropas na África, a Federação Sindical Mundial sente a necessidade de felicitar a decisão heroica do Governo cubano e do povo cubano para ter mostrado da forma mais humanitária sua solidariedade aos povos da África, enviando na Libéria e na Guiné um grande grupo de médicos e pessoal médico para ajudar nos esforços para o alívio dos doentes de Ebola.

Como mais de 50 mil médicos cubanos e pessoal médico que trabalham em 66 países ao redor do mundo e, especificamente, de 4.000 em 32 países africanos, oferecerem serviços de saúde de alto nível como uma forma de solidariedade concreta. Mais de 50 mil médicos cubanos e pessoal médico trabalham em 66 países ao redor do mundo e, especificamente, 4.000 em 32 países africanos.

Parabenizamos a nossa filial da CTC de Cuba e seus membros no setor da saúde que heroicamente provaram sua solidariedade internacional.

A FSM, que representa 90 milhões de trabalhadores em 126 países, reafirma a sua posição: a saúde preventiva dentro de um sistema público de saúde gratuito é a melhor solução em todas as questões de saúde.

A FSM luta para:

– A criação de instituições de saúde contemporâneas, adequadas e totalmente equipadas em todos os países que farão parte de um vasto sistema de saúde público, gratuito e centralizado para oferecer a toda a população serviços de saúde adequados em todas as fases de sua vida. O número suficiente de pessoal médico, a satisfação dos direitos dos trabalhadores e as condições adequadas de higiene e segurança são fatores importantes;

– A criação de instituições públicas de pesquisa, produção e distribuição de medicamentos e vacinas de graça ou baratos para todas as pessoas;

– A erradicação do analfabetismo, garantindo o acesso de todas as pessoas a uma educação pública e gratuita;

– Para uma política de Estado que resolverá os problemas de habitação em vários países;

– A eliminação da pobreza e da fome. O Continente Africano é rico em recursos naturais e em capacidades agrícolas. Se aqueles fossem colocados ao serviço do povo permitiriam uma rápida melhoria das condições de vida das pessoas comuns e a eliminação drástica das doenças e da pobreza."


Fonte: CTB