Reinaldo: Integração é o dobre de finados do pan-americanismo imperial

Teve início na última quinta-feira (16), em São Paulo, a Semana de Relações Internacionais das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), organizada pelo Conselho Institucional dos Estudantes de Relações Internacionais (Cieri). A conferência inaugural foi feita pelo jornalista José Reinaldo Carvalho, editor do Vermelho e diretor do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz).

Reinaldo

Um numeroso público formado por estudantes e professores lotou o auditório da FMU e ouviu atentamente a exposição do conferencista sobre a integração latino-americana e caribenha num mundo em crise e conflitos.

José Reinaldo afirmou no início da sua fala que o tema apenas aparentemente está distante do cotidiano das pessoas, mas na essência tem tudo a ver com a vida, o trabalho e as lutas da população, por isso mesmo acabou fazendo parte do debate eleitoral em curso. “No dia 26, a população se pronunciará também sobre qual a melhor política externa para o país – se a subordinação às potências imperialistas ou a luta contra o hegemonismo, pela democratização das relações internacionais, a plena vigência do direito internacional, os direitos dos povos, a soberania nacional, a integração solidária e a paz mundial”, disse.

De acordo com o jornalista, a época atual se caracteriza por “dilacerantes crises, explosivas contradições, instabilidade e acidentadas transições nos aspectos econômico e geopolítico”. Indo diretamente ao ponto, Reinaldo assinalou que “estão em construção mecanismos de integração regional que permitem aos países em desenvolvimento defenderem-se em um cenário mundial de crise econômica e ameaças à paz, abrindo a possibilidade de edificar novas alternativas para o desenvolvimento e de constituir um polo geopolítico que enseja novas correlações de forças”.

É nesse quadro que o diretor do Cebrapaz considera um fenômeno positivo a construção dos mecanismos de integração latino-americana e caribenha – Mercosul, Unasul, Celac e Alba.

“A União das Nações do Sul (Unasul) – que reúne os 12 países da América do Sul – visa a construir um espaço de articulação em todos os âmbitos – político, econômico, social, científico e cultural – entre nações soberanas. O organismo sul-americano prioriza a solidariedade, a cooperação e o diálogo, com vistas a criar o ambiente de diálogo, segurança e paz”. Segundo Reinaldo, a Unasul está criando uma “nova diplomacia”. Exemplificou com a participação na solução das crises políticas na Bolívia (2008), Equador (2010), Paraguai (2012) e Venezuela, em 2014, sempre condenando aventuras golpistas e antidemocráticas e a intervenção estrangeira.

Referindo-se à Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), fundada em dezembro de 2011, numa reunião dirigida pelo saudoso presidente venezuelano e comandante da Revolução Bolivariana, Hugo Chávez Frias, o diretor do Cebrapaz afirmou: “A fundação da Celac foi um acontecimento de tamanha dimensão que o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, disse tratar-se do acontecimento institucional mais importante da região no espaço de um século, e o presidente atual de Cuba, Raúl Castro, destacou o caráter transcendental do fórum, reivindicando mais de dois séculos de lutas e esperanças”.

Para Reinaldo, a Celac, ao lado da Unasul e da Aliança Bolivariana dos Povos de Nossa América (Alba), “afiança-se como instrumento de diálogo e defesa da identidade, aspirações e culturas regionais, sob o princípio básico da inclusão dos 33 países independentes da América Latina e do Caribe, emergindo como um dos fatores propulsores de novos equilíbrios no mundo, um ator diferenciado na cena internacional, contraposto aos hegemonismos imperiais, credenciado a contribuir para o advento de nova ordem política e econômica mundial”.

Repercurtindo a visão da diretoria do Cebrapaz sobre o tema, José Reinaldo assinalou que a criação desse conjunto de mecanismos de integração soberana e solidária entre povos e nações independentes constitui uma “revolução institucional” na região e faz soar o “dobre de finados” do pan-americanismo sob a hegemonia do imperialismo estadunidense.

José Reinaldo encerrou sua conferência destacando que para os acadêmicos em Política e Relações Internacionais o tema da integração é fascinante como objeto de reflexão, estudo e análise e ao mesmo tempo suscita o justo orgulho da geração atual que se sente como sujeito de um novo momento da história, em que se constroem os instrumentos para uma nova ordem mundial de cooperação entre os povos e paz.

Da redação do Vermelho