Dirigente curdo anuncia nova fase no diálogo de paz na Turquia

O fundador do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Abdullah Ocalan, anunciou uma nova fase nas negociações de paz com o governo turco para pôr fim a um conflito de três décadas.

Curdistão turquia - AP/Ibrahim Usta

Após reunir-se com deputados do Partido Popular Democrático (HDP) no cárcere de segurança máxima de Imrali, no mar de Marmara, onde cumpre uma condenação de prisão perpétua, o dirigente do PKK afirmou que o último dia 15 foi um ponto crucial no diálogo.

Ocalan mostrou-se otimista sobre as possibilidades de sucesso da conversa, após ameaçar na semana passada pôr fim a esse processo se o governo turco se mantivesse indiferente diante das ações do Estado Islâmico (EI) na cidade síria de Ain al Arab.

Desde 16 de setembro, o movimento radical sunita ataca a mencionada cidade, conhecida pela comunidade curda residente ali como Kobane, enquanto tanques turcos posicionados perto da fronteira com a Síria se mantêm inativos.

A atitude das autoridades turcas levou às ruas milhares de pessoas, em sua maioria curdas, em ao menos 15 províncias desta nação, com saldo de quase 40 mortos em confrontos entre manifestantes e a polícia, bem como entre curdos e radicais islâmicos.

No entanto, as promessas do governo do presidente Recep Tayyip Erdogan de permitir o translado de tropas curdas iraquianas através do território nacional para operar em Ain Al Arab e os chamados à calma de Ocalan puseram fim às manifestações.

A cúpula do PKK denunciou então que, apesar da retirada de cerca de dois mil guerrilheiros do território turco e de uma trégua unilateral desde março de 2013, o executivo não cumpriu seus compromissos vinculados ao processo de paz.

O Governo se negou a aceitar a identidade cultural curda e levá-la à Constituição, a fazer a escolarização em curdo, rejeitou também a libertação de presos vinculados ao PKK, a modificação do regime de isolamento de Ocalan e uma descentralização administrativa.

Fonte: Prensa Latina