ONU lança Dia pelo Fim da Impunidade de Crimes contra Jornalistas

A Organização das Nações Unidas (ONU) comemorou no último domingo (2) o primeiro Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas. Mensagens do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e da diretora-geral da organização para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Irina Bokova, foram divulgadas por ocasião da data, além da promoção, nos próximos dias, de um painel de alto nível com seminários, conferências e debates, em diversos países.

jornalistas assassinatos

Segundo a Unesco, a data foi instituída em dezembro de 2013 e marca o assassinato de dois jornalistas, Gislaine Dupont e Claude Verlon, no Mali, em 2 de novembro do ano passado. Com o objetivo de criar um ambiente seguro para o trabalho dos profissionais dos meios de comunicação em todo o mundo, a ONU tem desenvolvido, nos últimos anos, um plano de ação, com o apoio da comunidade internacional e da sociedade civil.

As Nações Unidas chamam atenção para o número de jornalistas mortos nos últimos dez anos, que passa dos 700, e para o alto percentual, 90%, de impunidade dos casos de violência envolvendo profissionais da mídia. Em sua mensagem, Ban Ki-monn alerta que 17 jornalistas iraquianos foram executados somente no ano passado.

“Muitos outros jornalistas e profissionais de mídia em todo o mundo sofrem intimidação, ameaças de morte e violência. Nove em cada dez casos permanecem impunes. Como resultado, os criminosos se sentem mais fortes. As pessoas ficam com medo de falar de corrupção, repressão política ou outras violações de direitos humanos. Isso tem que parar”, disse o secretário-geral, em vídeo disponibilizado no site da ONU e no facebook.

A linha de raciocínio de Ban Ki-moon, e o mote da campanha, é de que a imprensa livre faz parte de uma sociedade democrática, e que, por isso, além da denúncia de crimes contra os direitos humanos, o próprio trabalho dos jornalistas em si já deve ser preservado. “Ao acabar com a impunidade, poderemos aprofundar a liberdade de expressão e reforçar o diálogo. Nenhum jornalista, em nenhum lugar, deve ter que arriscar a vida para divulgar informações”, disse, convidando todos a lutarem por justiça e a defender os jornalistas.

Assassinatos

Entre os assassinatos de jornalistas ocorridos entre 2004 e 2013, 90% seguem impunes segundo o relatório mais recente do Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ), divulgado na última quinta-feira (30). A entidade identificou 370 casos em que profissionais de imprensa foram mortos nos últimos 10 anos em represália ao trabalho exercido. Em 333 deles, ninguém foi condenado e somente nove foram concluídos com a condenação dos executores e seus mandantes. Em outros 28, alguns suspeitos foram condenados, outros morreram durante o processo, mas a maioria continua livre.

Embora tenha registrado mortes em 2013, o Brasil melhorou sua situação após condenações em três casos, o maior número de punições em um único ano no período de 2004 a 2013, entre todos os países avaliados. Ainda assim, o país aparece em 11º lugar no Índice Global de Impunidade do CPJ em 2014, com nove assassinatos não solucionados nos 10 anos anteriores. Conforme o relatório, a violência no país atinge mais jornalistas do Interior do que da Capital, e envolve a cobertura de corrupção, crimes e política local.

O levantamento também indica que a impunidade cresceu, em média, 56% entre 2008 e 2014. O local mais afetado foi a Somália, onde o índice de casos não solucionados quadruplicou. Em seguida, aparecem Paquistão, México e Filipinas.

Com informações da Agência Brasil e Coletiva Net